A Vingança da Cunhada Perfeita
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Capítulo 1

O dia do meu casamento com Tiago Almeida amanheceu soalheiro na quinta da família dele, no Douro. Eu, Sofia Antunes, designer de interiores e órfã desde cedo, sonhava com este momento de estabilidade. Mal sabia eu que o meu sonho estava prestes a tornar-se um pesadelo.

Estava a acabar de me arranjar quando Duarte, o irmão mais velho de Tiago, entrou no quarto, pálido.

"Sofia, preciso de falar contigo."

O seu tom sério arrepiou-me.

"A Inês... a Inês Castro sofreu um acidente de viação a caminho daqui."

Inês. O amor de infância de Tiago. Senti um aperto no peito.

"Ela está bem?"

"Está viva, mas... perdeu a memória. Só se lembra do passado, de quando namorava o Tiago."

Respirei fundo, tentando processar. O casamento...

"O Tiago está com ela no hospital. Ele... ele cancelou o casamento."

As palavras caíram como pedras. Cancelado.

"Ele pede para não a perturbar. Diz que o choque de saber do nosso casamento pode ser demais para ela agora."

Senti as lágrimas a quererem sair, mas engoli-as.

Duarte continuou, hesitante. "Ele teve uma ideia... para proteger a Inês."

"Que ideia?" A minha voz saiu fraca.

"Ele quer que finjas... que finjas ser minha namorada. Que és minha cunhada, aos olhos da Inês."

Olhei para ele, incrédula. Fingir ser namorada do meu cunhado no dia do meu próprio casamento cancelado? Aquilo era um ultraje.

"Ele acha que assim a Inês não se vai sentir pressionada, não vai fazer perguntas sobre ti e ele."

"E eu, Duarte? E os meus sentimentos?"

Ele baixou os olhos. "Eu sei que é horrível, Sofia. O Tiago está desesperado."

Desesperado? E eu? Estava destruída. Mas uma parte de mim, a parte que ainda amava o Tiago, vacilou. Talvez fosse temporário. Talvez a Inês recuperasse a memória em breve.

"Só por uns tempos, Sofia. Até a Inês melhorar."

Assenti, derrotada. "Está bem."

Um mês. Um mês arrastei-me naquela farsa humilhante. Via Tiago todos os dias a cuidar de Inês, a tratá-la com um carinho que antes era meu. Ela chamava-me "cunhada" com um sorriso inocente, e eu tinha de sorrir de volta, o coração a sangrar. Duarte era correto, distante, mas via a pena nos seus olhos. Os pais deles, o Sr. e a Sra. Almeida, só se preocupavam com a reputação da família e apoiavam a decisão de Tiago.

Até que um dia, ouvi falar de um novo tratamento para amnésia, uma esperança. Corri para o hospital, ansiosa por contar a Tiago. Encontrei-o à porta do quarto de Inês, a falar ao telemóvel com Ricardo Mendes, um amigo dele.

Escondi-me, e o que ouvi despedaçou-me.

"Não, Ricardo, não lhe vou dar o medicamento."

A voz de Tiago era fria, calculista.

"Quero reviver este sonho com a Inês. Ela está como antes, apaixonada por mim. E a Sofia? A Sofia ama-me demasiado, nunca me vai abandonar. Ela aguenta."

Reviver um sonho. À minha custa. A minha ingenuidade, o meu amor, eram a sua garantia. Senti o chão a fugir-me dos pés. A dor era tão intensa que me cortou a respiração. Aquele não era o Tiago que eu amava. Aquele era um monstro egoísta.

Nesse instante, o meu telemóvel vibrou. Uma mensagem de Tiago.

"Sofia, a Inês está a perguntar por ti. Podes vir cá um bocado? Continua a ser a minha cunhadinha perfeita."

Cunhadinha perfeita. A raiva subiu, quente e avassaladora, afogando a tristeza. Ele ia ver quem era a cunhadinha perfeita.

Ignorei a mensagem dele. Respirei fundo, a mente a trabalhar febrilmente. Lembrei-me de uma conversa que tinha ouvido entre o Sr. e a Sra. Almeida, preocupados porque Duarte, o filho mais velho e arquiteto de renome, continuava solteiro. Pressionavam-no para casar.

Liguei a Duarte.

"Duarte? Sou eu, a Sofia."

"Sofia? Aconteceu alguma coisa?" A sua voz soou preocupada.

"Ouvi dizer que os teus pais te andam a pressionar para casar." Fui direta ao assunto.

Ele hesitou. "Sim, é verdade. Mas porquê..."

"E eu?" interrompi, a voz a tremer ligeiramente com a audácia da minha própria proposta. "Que tal eu?"

Silêncio do outro lado.

"Eu vi o meu retrato no teu estúdio, Duarte. Aquele que escondes atrás das telas."

Mais silêncio, depois um suspiro.

"Sofia... tens a certeza disto?"

"Tenho. Quero casar contigo, Duarte." A minha voz agora era firme. "Mas tenho uma condição."

"Qual?"

"No dia do nosso casamento, o Tiago vai ter de me levar ao altar."

Duarte demorou um momento a responder. Quando o fez, a sua voz era uma mistura de surpresa e algo mais, algo que eu não conseguia decifrar.

"Aceito."

Desliguei o telemóvel, o coração a bater descontroladamente. O primeiro passo estava dado.

No dia seguinte, fiz as malas e mudei-me para a enorme e moderna casa de Duarte. Era um contraste com a quinta tradicional dos Almeida. Senti-me estranhamente calma.

Tiago apareceu nessa noite, furioso.

"Sofia! O que é que estás a fazer aqui? Enlouqueceste?"

Agarrou-me pelo braço. Afastei-o com um gesto brusco.

"Larga-me, Tiago. Esta é a casa do meu noivo."

Ele riu, incrédulo. "Noivo? Estás a brincar comigo, não estás? É um jogo para me fazeres ciúmes por causa da Inês?"

Olhei-o nos olhos, fria.

"Não é jogo nenhum, Tiago. Eu e o Duarte vamos casar. Agora sou, de facto, namorada dele."

Ele abanou a cabeça, ainda sem acreditar.

"Tu amas-me, Sofia. Vais voltar para mim."

"Isso é o que tu pensas." Dei-lhe as costas e entrei em casa, deixando-o na soleira da porta, confuso e zangado. A vingança tinha começado.

            
            

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