A Escolha de Sofia: Um Destino Longe do Desprezo
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Capítulo 2

As palavras de Ricardo ecoaram em sua mente, cortantes.

"Transformar seu alojamento em um banheiro particular."

"Regras."

Ele a tratava como uma intrusa, uma desordeira.

A humilhação do banho improvisado ainda ardia.

No dia seguinte, a punição veio.

Laura, com seu ar de vítima perpétua, apareceu na sala de Ricardo com um equipamento de pesquisa danificado.

Um GPS caro, com a tela trincada.

"Capitão," ela disse, a voz embargada, "eu não sei como aconteceu. Estava na prateleira onde Sofia costuma deixar as coisas dela."

Sofia, que tinha acabado de entrar para entregar um relatório, parou, sentindo o sangue gelar.

Era mentira. Ela nunca tocava nos equipamentos de Laura.

Ricardo olhou de Laura para Sofia, o rosto impassível.

"Sofia, você mexeu neste equipamento?"

"Não, Capitão. Eu não toquei em nada da Laura."

Laura fungou. "Eu não quero acusar ninguém, mas..."

Ricardo não precisou de mais.

"Sofia, já estou farto de suas negligências e de seu comportamento irresponsável."

Ele não a deixou explicar. Não quis ouvir.

"Como punição, você vai limpar toda a área de armazenamento dos barcos. E depois, vai capinar a área ao redor do laboratório. Sob o sol."

Sofia engoliu a raiva. Discutir seria inútil.

Ele já a havia condenado.

O sol do Pantanal era impiedoso.

Ela trabalhou por horas, o suor escorrendo, as mãos doendo.

Ouviu os comentários dos outros funcionários da estação.

"Coitada da menina rica, não está acostumada com trabalho pesado."

"O Capitão não perdoa mesmo."

"Dizem que ele tem um fraco pela Laura. Ela é tão doce."

Cada palavra era um pequeno espinho.

Ela continuou, a mandíbula cerrada. Não daria a eles o prazer de vê-la fraquejar.

No meio da tarde, suas forças começaram a falhar.

A cabeça girava, as pernas tremiam.

Ela se apoiou em um cabo de enxada, tentando recuperar o fôlego.

Ricardo passou por perto, o olhar frio.

Ele não disse nada. Não ofereceu ajuda. Apenas a observou por um instante e seguiu em frente.

O desprezo dele era palpável.

Ela sentiu uma onda de desafio. Não ia desmaiar ali, na frente dele.

Reuniu suas últimas forças e voltou ao trabalho.

Mas o corpo tem limites.

Ela cambaleou e caiu, a enxada escapando de suas mãos.

Ficou ali, estirada na terra quente, a respiração difícil.

Esperou que ele viesse. Talvez um pingo de compaixão.

Ele se aproximou, parou ao lado dela.

"Levante-se, Sofia. O trabalho não terminou."

A voz dele era desprovida de emoção.

Ela o encarou, os olhos ardendo.

"Não consigo."

Ele a observou por um momento, depois se inclinou e a pegou nos braços.

O contato súbito a surpreendeu.

Ele a carregou como se ela não pesasse nada.

"Isso não é gentileza," ele disse, a voz rouca perto do ouvido dela. "É minha responsabilidade garantir que você não morra de insolação sob minha supervisão. Daria muita papelada."

Responsabilidade. Papelada.

Era isso que ela significava para ele.

Ele a levou até seu alojamento e a deixou na cama estreita.

Quando ela acordou, horas depois, o sol já se punha.

A cabeça ainda doía, mas a febre havia baixado.

Laura estava sentada em uma cadeira ao lado da cama, folheando uma revista.

Ela levantou os olhos, um sorriso ensaiado nos lábios.

"Ah, Sofia, você acordou. Ficamos tão preocupados."

Preocupados. Sofia duvidava.

"O Capitão Ricardo ficou muito aflito. Ele mesmo te trouxe para cá."

Laura fez uma pausa, o sorriso se alargando sutilmente.

"Ele cuida tão bem de todos nós, não é?"

Sofia apenas a encarou, o cansaço e o ressentimento pesando em seu peito.

            
            

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