O Contrato de Cinco Anos: Minha Prisão Dourada
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Capítulo 2

A mansão era uma concha vazia. Grande, imponente, cheia de objetos caros, mas sem calor. Para mim, não era um lar, era o local do meu exílio contratual.

O meu quarto era o meu único santuário. E dentro dele, a pequena caixa de madeira era o meu verdadeiro mundo.

Abri-a com cuidado. A fotografia de Lucas sorria para mim. Os seus olhos pareciam vivos, cheios de promessas que a morte tinha roubado. Peguei numa das cartas. A caligrafia dele, forte e segura.

"Minha Sofia, conto os dias para voltar para ti. Quando esta operação terminar, nada mais nos vai separar. Vamos casar-nos, ter filhos e envelhecer juntos na nossa fazenda. Eu amo-te mais do que a vida."

As lágrimas que eu nunca chorava na frente dos outros caíam silenciosamente sobre o papel. Cinco anos, e a dor ainda era uma ferida aberta. A minha indiferença a Thiago não era força, era um vazio. O meu coração tinha sido enterrado com Lucas.

Guardei as cartas, fechei a caixa e escondi-a debaixo da cama. Era o meu segredo, a minha força.

Ouvi o som de carros a chegar. A porta da frente abriu-se com um estrondo. A voz de Thiago, alta e animada, ecoou pela casa.

"Bem-vinda de volta, meu amor! Esta casa esperou por ti."

Desci as escadas lentamente.

Lá estava ela. Isabela Rocha. Perfeita. Cabelo loiro impecável, um vestido caro que abraçava o seu corpo esguio, um sorriso de predador. Ela estava de braço dado com Thiago, olhando para a casa como uma rainha a inspecionar o seu palácio.

"É linda, querido. Exatamente como eu sonhei."

Os olhos dela encontraram os meus no meio da escadaria. O sorriso dela alargou-se, mas não chegou aos olhos.

Thiago seguiu o olhar dela e o seu rosto transformou-se numa máscara de desprezo.

"Ah, ela está aqui. Sofia, esta é a Isabela. A partir de agora, ela vai viver connosco."

Ele disse "viver connosco" como se estivesse a falar do tempo.

"Isabela, esta é a Sofia. A... enfermeira do meu pai."

Enfermeira. Era assim que ele me apresentava. A mulher que partilhava o seu nome, a sua casa, era reduzida a uma empregada.

Mantive o meu rosto neutro. "Bem-vinda, Senhora Rocha."

Isabela riu, um som cristalino e falso.

"Oh, por favor, chama-me Isabela. Afinal, vamos ser como uma família."

Ela soltou-se do braço de Thiago e caminhou pela sala, tocando nos objetos, avaliando tudo. Parou em frente a um pequeno vaso de cerâmica que eu tinha trazido de Minas, o único objeto meu na sala de estar.

Ela pegou nele, examinou-o com um ar de curiosidade fingida.

"Que coisinha rústica. É tua, Sofia?"

Antes que eu pudesse responder, Thiago interveio.

"Claro que é dela. Deixa isso, meu amor. Não quero que toques em coisas sujas."

Isabela colocou o vaso de volta na mesa, com um pequeno estalido que me pareceu excessivamente alto no silêncio que se seguiu.

"Claro, querido. Tens razão." O seu olhar para mim era de puro triunfo. "Sofia, querida, podes fazer-me um favor? Estou exausta da viagem. Podes levar as minhas malas para o quarto principal?"

O quarto principal. O quarto de Thiago. O quarto onde eu nunca tinha entrado.

Thiago sorriu, deliciado com a humilhação.

"Claro que ela pode. Para que mais serviria ela? Anda, Sofia, mexe-te. As malas da Isabela estão no carro."

Eu olhei para ele. Por um momento, a minha indiferença vacilou. A crueldade dele era tão casual, tão profunda.

"Eu não sou a empregada."

A minha voz saiu baixa, mas firme.

O sorriso de Thiago desapareceu. A sua expressão escureceu. Ele deu um passo na minha direção, o seu corpo tenso de raiva.

"O que é que disseste?"

Isabela observava, com um brilho divertido nos olhos.

"Eu disse que não sou a empregada", repeti, olhando-o nos olhos. "O meu contrato é para cuidar da tua saúde, não para ser vossa criada."

Ele agarrou-me pelo braço, com força. A dor foi aguda.

"Tu fazes o que eu mando. Entendeste? Ou preferes que eu te lembre porque é que estás nesta casa? Preferes que eu ligue para o teu pai e lhe conte como a filha dele é ingrata?"

A ameaça pairou no ar. A minha família. Ele sabia que esse era o meu ponto fraco.

Soltei o ar lentamente. A luta não valia a pena. Não com apenas dois meses para o fim.

"Entendi."

Ele largou-me o braço, empurrando-me.

"Então vai. Agora."

Subi as escadas, fui buscar as malas caras de Isabela e levei-as para o quarto principal. O cheiro do perfume dela já estava por todo o lado.

Quando saí do quarto, passei por eles no corredor. Estavam a beijar-se apaixonadamente, encostados à parede. Thiago abriu os olhos e olhou para mim por cima do ombro de Isabela, um sorriso cruel nos lábios.

Fechei a porta do meu quarto e encostei-me a ela, o coração a bater descontroladamente.

A noite fria da minha vida tinha acabado de ficar mais escura.

            
            

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