Capítulo 4

Leonor organizou uma pequena festa de despedida para Sofia.

"Só alguns amigos próximos", disse ela, tentando animar Sofia.

Sofia sabia que Leonor, no fundo, ainda esperava que alguma memória de Tiago regressasse.

"Leo, eu agradeço, mas sabes que a minha decisão está tomada. Preciso de ir."

Leonor suspirou. "Eu sei. Só queria que as coisas fossem diferentes."

Mostrou a Sofia mais algumas fotos antigas, onde ela e Tiago apareciam juntos em eventos sociais, sempre com Sofia a olhar para ele com uma adoração que agora lhe parecia patética.

"Vês? Havia algo ali", insistiu Leonor.

Sofia abanou a cabeça. "O que quer que houvesse, acabou. Ou melhor, para mim, nunca existiu na minha memória consciente."

A festa decorria animada, até que Tiago e Inês apareceram.

A presença deles pairou como uma nuvem negra sobre a celebração.

Inês agarrava-se a Tiago, exibindo-o como um troféu.

Durante um jogo de "Verdade ou Consequência", calhou a Sofia responder.

"Sofia, qual foi o teu amor não correspondido mais marcante?" perguntou um dos amigos.

Sofia sentiu todos os olhares sobre si. Mesmo sem se lembrar, a dor daquele amor estava presente.

"Foi um homem que amei durante sete anos", começou Sofia, a voz calma. "Ele nunca me viu de verdade. Para ele, eu era invisível, ou pior, um incómodo. Ele era frio, arrogante, e escolheu outra pessoa."

O silêncio instalou-se. Tiago ficou tenso, o maxilar cerrado. Inês olhava para ele, desconfiada.

Tiago levantou-se abruptamente.

"Isso é ridículo. Não sei de quem estás a falar, mas garanto que não tem nada a ver comigo. Nunca houve qualquer ligação especial entre nós. Estás a delirar ou a tentar chamar a atenção."

As suas palavras foram como um soco no estômago de Sofia. Humilhação pública.

Leonor levantou-se, furiosa. "Tiago, como te atreves?"

Mas Tiago já estava a sair, puxando Inês pela mão.

Sofia sentiu as lágrimas a quererem vir, mas engoliu-as.

Aquele homem era um monstro. E ela ia livrar-se dele para sempre.