Amor Perdido, Verdade Tardia
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Capítulo 2

O diagnóstico caiu sobre Sofia como uma sentença de morte.

Leucemia em estado avançado.

Cerca de quarenta dias de vida restantes.

Ela estava sentada no consultório do médico, Beatriz ao seu lado, segurando-lhe a mão com força.

As palavras do médico ecoavam na sua cabeça, mas pareciam distantes, irreais.

Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto de Sofia.

Não pela morte iminente, mas pela vida não vivida, pelo amor não correspondido.

Lembrou-se do declínio da adega da sua família, das noites em que o pai chegava a casa cada vez mais desanimado, do peso da responsabilidade que caíra sobre os seus jovens ombros.

O casamento com Diogo fora a última tentativa desesperada de salvar o legado da família Almeida.

Uma tentativa que se revelara um fracasso humilhante.

Diogo nunca se importara com os seus problemas, com a sua dor.

Para ele, ela era apenas um fardo, uma peça num jogo de negócios.

A sua indiferença era uma faca que se torcia constantemente na ferida aberta do seu coração.

Em público, todos viam um casal incompatível, preso num casamento de conveniência.

Diogo fazia questão de mostrar o seu desprezo por ela.

Sofia, por sua vez, mantinha uma fachada de frieza e indiferença, escondendo a paixão secreta que nutria por ele desde a adolescência.

Um amor que ele nunca soubera, nunca quisera saber.

No fundo da sua gaveta, guardava uma pequena medalhinha de Nossa Senhora de Fátima, gasta pelo uso.

Comprara-a para Diogo anos antes, quando ele sofrera um grave acidente de carro.

Ele desdenhara do presente, chamando-o de "superstição de velha".

Mas Sofia guardara-a, rezando em segredo pela sua recuperação.

Uma noite, Diogo chegou a casa mais tarde do que o habitual, o cheiro a álcool e perfume feminino a pairar sobre ele.

Encontrou Sofia na biblioteca, a ler.

"Ainda acordada, querida esposa?" ele disse, a voz carregada de sarcasmo. "A pensar em como arrancar mais dinheiro da minha família?"

Sofia fechou o livro, o rosto impassível.

"Porque é que me odeias tanto, Diogo?" ela perguntou, a voz baixa.

Ele riu, um som amargo.

"Odeio-te? Claro que te odeio. Odeio este casamento arranjado. Odeio o facto de teres ocupado o lugar da mulher que eu realmente amava. Odeio a tua família falida que se agarrou a mim como uma sanguessuga."

Cada palavra era um golpe.

Sofia sentiu o sangue fugir-lhe do rosto, mas manteve-se firme.

"Então, o divórcio será um alívio para ti."

"Um alívio? Será uma celebração!" ele exclamou.

No dia seguinte, Diogo reuniu-se com os seus amigos num bar da moda.

"Finalmente vou livrar-me daquela Almeida," ele anunciou, erguendo o copo. "A interesseira pediu o divórcio."

Houve brindes e risos.

"Mas ela impôs uma condição," Diogo continuou, um brilho de irritação nos olhos. "Cinco desejos idiotas."

Um dos seus amigos riu. "Cuidado, Diogo. Mulheres como ela são traiçoeiras. Pode ser uma armadilha."

A dúvida instalou-se na mente de Diogo.

Será que Sofia estava a planear alguma coisa?

Ele pegou no telemóvel e enviou-lhe uma mensagem.

"O que é que estás a tramar, Sofia? Estes teus 'desejos' são alguma forma de me extorquir mais alguma coisa?"

A resposta de Sofia chegou minutos depois, curta e enigmática.

"Talvez. Ou talvez esteja apenas a divertir-me um pouco contigo antes do fim. Vais ter de esperar para ver, não é, Diogo?"

Ele franziu o sobrolho, intrigado e irritado.

Aquela mulher era um mistério que ele nunca conseguira decifrar.

E agora, mesmo à beira da separação, ela continuava a desafiá-lo.

            
            

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