Diogo correu para o apartamento de Leonor, encontrando-a aparentemente aflita.
Depois de a "acalmar" com promessas e carinhos, ele finalmente lembrou-se de Sofia.
Enviou-lhe uma mensagem horas depois: "A Leonor está melhor. Onde estás?"
Sofia, resignada, já tinha partido sozinha para a Costa Vicentina.
"Já estou a caminho. Encontramo-nos lá," ela respondeu simplesmente.
A viagem foi difícil para Sofia.
A doença enfraquecia-a a cada dia.
Precisava de parar frequentemente para descansar, a respiração ofegante, o corpo dorido.
Quando Diogo finalmente chegou ao pequeno hotel que ela reservara, encontrou-a sentada na varanda, pálida e exausta.
"Porque é que não me esperaste?" ele perguntou, irritado. "Tive de conduzir como um louco para te apanhar."
Sofia olhou para ele, os olhos cansados.
"A Leonor está bem?"
"Sim, está. Foi só um pequeno susto," ele respondeu, impaciente. "Então, o que é que se faz aqui? Isto é um buraco."
Antes que Sofia pudesse responder, Leonor apareceu à porta do quarto, com um ar frágil e inocente.
"Diogo, querido, estava tão preocupada contigo," ela disse, a voz melosa. "Não queria que viesses sozinho para este sítio tão isolado."
Sofia olhou para Diogo, incrédula.
"Tu trouxeste-a?"
"Ela insistiu," Diogo encolheu os ombros. "Disse que não se sentia segura sozinha."
"Eu não queria incomodar," Leonor interveio, os olhos a brilhar com falsas lágrimas. "Mas depois do meu ataque, fiquei com medo. E tu, Sofia, pareces tão... hostil."
Diogo imediatamente colocou um braço protetor à volta de Leonor.
"Não sejas assim com ela, Sofia. Ela está a passar por um mau bocado."
Ele pegou num prato de fruta que estava na mesa e ofereceu-o a Leonor.
"Come alguma coisa, meu amor. Precisas de recuperar as forças."
Leonor sorriu docemente para Diogo, depois lançou um olhar vitorioso a Sofia por cima do ombro dele.
Sofia sentiu o estômago revirar. A manipulação era tão óbvia, mas Diogo era cego.
Mais tarde, enquanto Diogo tomava banho, Leonor aproximou-se de Sofia, que estava a arrumar as suas poucas coisas numa mala.
"Sabes, Sofia," Leonor disse, a voz agora desprovida de qualquer fragilidade, "o Diogo nunca te amou. Ele só está contigo por pena, ou talvez por algum acordo de negócios estúpido. Mas assim que o divórcio sair, ele vai ser meu. Para sempre."
Ela pegou num pequeno caderno de notas de Sofia, onde ela escrevia letras de fado, e começou a folheá-lo com desdém.
"Que lixo sentimental," Leonor troçou, rasgando uma das páginas.
Sofia explodiu.
Num impulso de raiva e desespero, ela avançou e deu uma bofetada em Leonor.
Leonor cambaleou para trás, chocada, a mão na bochecha vermelha.
Nesse momento, Diogo saiu da casa de banho.
Ao ver a marca na cara de Leonor e o olhar furioso de Sofia, ele não hesitou.
Avançou e empurrou Sofia com força.
Ela caiu, batendo com a cabeça na quina de uma mesa.
"Estás louca?" Diogo gritou, ajoelhando-se ao lado de Leonor, que começou a chorar histericamente.
"Ela atacou-me, Diogo! Sem motivo nenhum!" Leonor soluçou.
Sofia sentiu uma dor aguda na cabeça, o mundo a girar.
Apesar da dor, ela agarrou o braço de Diogo.
"Diogo... por favor... não vás..." ela implorou, a voz fraca. "Fica... este fim de semana... é importante."
Ele olhou para ela com nojo.
"Ficar? Contigo? Depois disto? Deves estar a sonhar."
Ele ajudou Leonor a levantar-se e saíram do quarto, deixando Sofia caída no chão, sozinha e ferida.