Para Além das Cinzas: O Nosso Amor
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Capítulo 3

Sofia saiu do miradouro, entrou no seu carro velho e começou a conduzir, sem destino. As lágrimas corriam-lhe pelo rosto, turvando-lhe a visão. A dor que pensara ter anestesiado ao longo dos anos regressara com uma força avassaladora.

Conduzia pela estrada sinuosa que ladeava a quinta. De repente, um vulto surgiu na sua frente. Travou a fundo, mas era tarde demais.

Ouviu um baque surdo e um grito.

Saiu do carro, a tremer. Clara estava caída no chão, a gemer de dor.

"Eu... eu não te vi!" balbuciou Sofia.

Nesse instante, o carro de Tiago parou bruscamente atrás do dela. Ele saltou, os olhos a faiscar de fúria.

"O que é que fizeste?!" gritou ele, correndo para Clara. "Estavas a tentar matá-la, sua assassina?"

"Não! Foi um acidente! Eu juro!"

Tiago não a ouviu. Pegou em Clara ao colo. "Vais pagar por isto, Sofia. Vais para o hospital e vais expiar a tua culpa."

Ele praticamente atirou-a para dentro do carro dele e conduziu a alta velocidade para o hospital mais próximo.

Chegados lá, Clara foi levada de imediato para a emergência. Tiago agarrou Sofia pelo braço e arrastou-a para a porta da sala.

"Ajoelha-te," ordenou ele. "E reza para que ela sobreviva. Se ela morrer, tu morres a seguir."

Sofia ajoelhou-se no chão frio do corredor, humilhada, assustada, o corpo a tremer.

Horas depois, um médico saiu.

"A paciente sofreu um trauma abdominal. Um dos rins está gravemente afetado. Precisamos de um transplante urgente."

Os olhos de Tiago viraram-se para Sofia, brilhando com uma luz sinistra.

"Testem-na," disse ele ao médico. "Ela vai doar o rim. Ela não tem o direito de recusar."

Sofia sentiu o sangue gelar-lhe nas veias. Doar um rim? Para Clara?

Antes que pudesse protestar, foi levada para fazer os testes. A compatibilidade era positiva.

Empurraram-na numa maca em direção ao bloco operatório. Enquanto passava por Tiago, viu o seu rosto impassível.

Lembrou-se de uma vez, há muitos anos, quando ela apanhara uma gripe forte. Tiago não saíra do seu lado, cuidando dela com uma ternura infinita. O mesmo homem que agora a enviava para uma cirurgia perigosa, para salvar a mulher que ele colocara no seu lugar.

A ironia era cruel, esmagadora.

            
            

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