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Belle
Ainda naquele momento, vendo aquele homem que tinha uma aura perigosa ao seu redor e parecia estar procurando por alguém.
- Olá, senhorita, qual o seu nome? - disse ele em uma voz grave e rouca, que me vi na necessidade de responder.
- Meu nome é Belle. - respondi com uma voz trêmula.
Ele olhou-me de cima a baixo, como se estivesse me avaliando. Eu senti-me nua sob o seu olhar penetrante.
- Belle... é um belo nome - ele disse com um sorriso malicioso. - Você é uma freira, certo?
- Sim... quer dizer, irei fazer os meus votos em alguns meses. - respondi rapidamente, tentando parecer corajosa. - Posso ajudá-lo em alguma coisa?
Ele se aproximou de mim e falou em um sussurro baixo, mas ameaçador:
- Eu quero fazer um acordo com você, Belle. Eu tenho uma sobrinha muito solitária, você seria uma ótima companhia.
Eu me afastei um pouco, sentindo o meu coração acelerar. Eu não sabia o que ele estava falando e não queria me envolver com o mundo dele.
- Eu não sei do que você está falando, senhor. Eu sou apenas uma freira dedicada à minha fé - disse, tentando soar firme.
Ele riu baixinho e olhou-me com um olhar de desdém.
- Não me subestime. Eu sinto algo especial em você, algo que me atrai. E eu sempre consigo o que eu quero.
Eu engoli em seco, sentindo-me mais assustada do que nunca. Eu não sabia o que ele queria de mim, mas sabia que não podia ceder aos seus jogos perigosos.
- Eu não estou interessada em fazer negócios com você, senhor - falei, tentando manter a calma. - Por favor, vá embora.
Ele sorriu novamente, mas dessa vez o seu sorriso era mais sombrio e sinistro.
- Eu vou embora agora, Belle. Mas lembre-se de que eu sempre volto quando quero algo. E eu quero você, minha querida freira.
Ele se afastou, me deixando sozinha e tremendo de medo. Eu sabia que aquele homem era perigoso e que eu deveria tomar cuidado com ele.
Acabo correndo até o meu quarto, o meu coração está batendo tão forte que sinto como se fosse sair pela boca. Eu sinto-me atraída por aquele homem que acabei de encontrar no corredor, mas ao mesmo tempo, tenho medo dele. Eu não entendo que energia é essa que ele tinha, que deixou-me abalada com tão pouco da sua presença, será que todos os homens são assim?
Eu nunca saí do convento, então não sei muito sobre o mundo exterior. Mas agora, sinto que há muito mais coisas para se conhecer e descobrir. Corri o mais rápido que pude, tentando escapar daquela sensação estranha que estava tomando conta de mim.
Chegando ao meu quarto, fechei a porta e me encostei nela, tentando controlar a minha respiração. Fiquei ali por um tempo, pensando no que acabara de acontecer. Eu não conseguia entender o que havia acontecido, por que me sentia assim por aquele homem?
Eu me sinto tão bem em fazer os meus votos para me tornar uma freira. Sempre soube que essa era minha vocação, desde que era criança. Nunca senti qualquer tipo de atração por homens, apenas pela vida religiosa.
Mas agora, aquele homem misterioso mexeu com os meus hormônios de uma forma que eu nunca experimentei antes. Não consigo parar de pensar nele, a noite toda. Sinto o meu coração acelerado e as minhas mãos suando só de lembrar do seu rosto e das suas palavras.
Não posso deixar isso acontecer. Os meus votos são sagrados e eu os fiz com convicção. Mas a tentação é forte e eu sinto como se estivesse lutando contra mim mesma.
Até que, no meio da madrugada, houve um estrondo. Fui imediatamente para a janela e vi que uma tempestade estava se aproximando. Talvez a tempestade fosse um sinal de que eu precisava deixar os meus pensamentos e desejos para trás e seguir em frente com o meu chamado divino.
Eu me ajoelhei em oração, pedindo forças para resistir às tentações mundanas. E com o tempo, consegui encontrar paz na minha alma. A tempestade dissipou-se e eu soube que havia feito a escolha certa.
Acordei com o sol já entrando pela janela do meu quarto no orfanato. Logo me levantei e fiz minhas orações matinais, agradecendo a Deus por mais um dia de vida e pedindo a sua bênção para que eu pudesse enfrentar os desafios que viessem pela frente.
Depois das orações, fui para a cozinha ajudar as outras meninas que também viviam no orfanato a preparar o café da manhã. Enquanto picava legumes e frutas para a salada de frutas, conversávamos animadamente sobre os nossos sonhos e planos para o futuro, algumas não planejavam seguir o mesmo destino que escolhi.
Eu estava a caminho do colégio do orfanato, onde eu ajudava as crianças todos os dias. Era um trabalho que eu adorava, e me sentia grata por poder fazer algo para melhorar a vida delas. No entanto, meu caminho foi interrompido quando a Madre me chamou, pedindo para que eu a acompanhasse até o escritório.
Eu fiquei temerosa, pois a Madre sempre me chamava quando havia algo de errado. Eu não conseguia pensar no que poderia ser, mas sabia que não era algo bom. Mesmo assim, eu segui a Madre até o escritório, tentando me manter calma e controlar a minha ansiedade.
Quando chegamos lá, a Madre pediu-me para sentar e então começou a falar comigo.
- Belle, preciso conversar com você. - disse a Madre, sentando-se em uma cadeira á minha frente.
- Claro, Madre. O que foi? - pergunto, virando-me para a Madre.
- Aconteceu algo inesperado. Ontem à noite, o Senhor da cidade entrou em contato comigo. Ele precisa de uma babá para sua sobrinha, pois a mãe da menina foi viajar sem previsão para voltar. Ele está disposto a pagar uma boa quantia de dinheiro ao orfanato se você puder ajudá-lo. - explicou a Madre.
Olhei para a Madre, vendo mais do que um simples pedido nos olhos da mulher. Havia uma súplica silenciosa por trás de suas palavras. Quem era esse senhor da cidade ?
- Eu entendo, Madre. Mas, por que eu? Há outras pessoas que poderiam fazer esse trabalho - pergunto preocupada, pois tenho certeza que é o homem da noite anterior, depois que uma enxurrada de lembranças alcançou-me.
- O Senhor da cidade pediu especificamente por você, Belle. Ele disse que ouviu falar de você e do seu trabalho aqui no orfanato. Ele sabe que pode confiar em você. - respondeu a Madre. Mas aquilo de nada acamou-me.
Senti um frio na espinha. Nunca havia conhecido o Senhor da cidade pessoalmente, mas ouvira histórias sobre ele. Ele era um homem rico e poderoso, mas também conhecido por ser implacável com os seus inimigos.
- Eu não sei, Madre. Eu não sei se sou a pessoa certa para esse trabalho- digo, hesitante.
- Por favor, Belle. Pense nas crianças aqui no orfanato. Eles precisam desse dinheiro. E você sabe que não temos muitas opções. - implorou a Madre. Sabia que ela também estava com medo daquele homem, que ia além da beleza, havia maldade transbordando no seu olhar.
Eu sabia que a Madre estava certa. O orfanato precisava desesperadamente desse dinheiro. E eu não poderia deixar as crianças sem ajuda. Seria apenas por um período.
- Está bem, Madre. Eu vou fazer isso- digo, finalmente para o alívio da mulher, que pela primeira vez, não usou palavras brandas para se dirigir á mim.
- Obrigada, Belle. Eu sabia que podia contar com você.
Despedi-me da madre, pois ela não tinha uma data da minha partida, e sai da sala. Eu sabia que estava se metendo em algo perigoso, mas também sabia que não poderia recuar agora. Eu tinha um trabalho a fazer, e faria o que fosse preciso para ajudar as crianças do orfanato.
Eu sentia-me confusa e conturbada depois de aceitar ser babá na casa daquele homem poderoso. Sabia que havia algo de errado naquela situação, mas ainda assim, decidi aceitar o trabalho pelo dinheiro que traria para o orfanato.
Perguntava-me se estava fazendo a coisa certa ao se colocar em uma posição tão vulnerável. Afinal, o homem poderia estar apenas brincando comigo e usando a sua posição de poder para tirar vantagem da situação.
Eu não sabia se deveria ser mais reservada e distante ou se deveria se abrir mais e ser mais amigável. Perguntava-me se ele tinha alguma intenção maliciosa e se estava em perigo. Estava em conflito interno e não conseguia encontrar uma resposta para tantas perguntas.
Sabia que teria que lidar com o homem por um período indefinido e que teria que tomar cuidado para não se envolver demais naquela situação. Sentia-me presa e impotente diante de toda essa confusão. Só esperava conseguir sair dessa situação ilesa e sem sofrer nenhum dano.
Eu estava sentada no banco do jardim, sentindo o vento fresco balançar as folhas das árvores, quando a Madre chegou e se sentou ao meu lado. Ela parecia preocupada e eu sabia que algo estava errado.
- Belle - disse a Madre - tenho uma notícia para lhe dar.
Eu olhei para ela, esperando o pior.
- Você partirá para a Casa do Senhor Greco na manhã seguinte. - continuou a Madre.
Fiquei chocada com a notícia. Eu sabia que minha vocação era ser freira, mas não estava preparada para deixar tudo para trás tão cedo, pelo bem do próximo.
- Mas Madre, não posso ter mais tempo? Ainda há muito a fazer aqui. Tenho tarefas para completar, e preciso me despedir dos meus alunos.
A Madre olhou para mim com um olhar severo.
- Belle, a sua vocação exige sacrifícios. Você deve estar pronta para deixar tudo para trás e seguir a vontade de Deus. É hora de partir para a Casa do Senhor Greco e começar a sua jornada como freira, mas fora daqui, voltará para cumprir os votos no tempo certo.
Eu sabia que a Madre tinha razão, mas não pude evitar sentir uma pontada de tristeza e medo. Eu sabia que essa era a minha missão, mas ainda não estava preparada para deixar tudo para trás.
- Sim, Madre. - respondi finalmente. - Eu irei para a Casa do Senhor Greco amanhã pela manhã. Seguirei a vontade de Deus.
A Madre sorriu para mim, satisfeita.
- Você está fazendo a escolha certa, Belle, Deus a guiará e a protegerá na sua jornada.
Eu sabia que ela estava certa. Eu precisava confiar em Deus, e que tudo daria certo.
Hoje, ele me enviou um carro preto luxuoso para me buscar no orfanato. Eu estava tão desanimada que mal conseguia conter a minha ansiedade. Chegando lá, pude ver que a mansão de Greco era realmente impressionante. Era uma construção maravilhosa, cercada por uma grande muralha de pedra e com homens armados em seus muros. Eu nunca tinha visto nada parecido antes.
Quando o carro parou na entrada, eu desci com a minha pequena bolsa nas costas e fui recebida por uma fileira de homens sérios e intimidantes. Eles me escoltaram até a presença de Greco, que estava sentado em uma poltrona imponente, cercado por livros e artefatos valiosos. Eu mal conseguia respirar diante daquele homem tão misterioso e másculo.
Foi difícil não se sentir frágil e exposta naquela situação. Eu me senti muito pequena diante da sua presença, como se ele pudesse esmagar-me com apenas um olhar. Ele parecia avaliar cada detalhe do meu corpo, e eu senti que estava sob um escrutínio intenso.
No entanto, eu tive que me lembrar de que essa era uma oportunidade única na vida. Eu respirei fundo e tentei me acalmar. Eu sabia que estava em uma posição de vulnerabilidade, mas eu também sabia que isso poderia ser uma grande oportunidade para mim. Eu me preparei para ouvir o que Sr. Greco tinha a dizer e estar pronta para qualquer coisa que pudesse acontecer.
Eu estou apavorada. Não posso negar que estou com muito medo de estar aqui, nesta casa com este homem que mal conheço. A madre me enviou para cá, e eu confio nela, mas eu não sei se confio neste homem. Eu tento me lembrar que a madre nunca me colocaria em perigo, mas o olhar que ele me lançou quando eu entrei aqui... era malicioso, cheio de raiva, e eu não pude deixar de sentir dúvidas.
Eu olho em volta, tentando encontrar algo para me distrair, mas a casa é escura e silenciosa. Sinto um arrepio na espinha e me abraço, tentando me manter aquecida e protegida. O homem está na minha frente, os seus olhos cravados em mim, azuis, brilham como uma safira. Eu tento me lembrar do que a madre me disse: que eu deveria ser educada e respeitosa, mas firme. Mas é difícil ser firme quando estou tão assustada.
Eu me pergunto o que acontecerá comigo nesta casa. Eu não sei nada sobre este homem, além do fato de que ele é bonito. Mas a beleza não significa nada se ele não é confiável. Eu tento me lembrar de que a madre nunca me enviaria para um lugar onde eu não fosse bem cuidada, mas eu ainda me sinto insegura.
Eu fecho os olhos e respiro fundo, tentando me acalmar. Eu não posso deixar que o medo me controle. Eu tenho que ser forte e corajosa. Eu abro os olhos e olho em volta novamente, determinada a enfrentar o que vier pela frente.