Quando o Peão Se Vinga
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Capítulo 2

O Pedro ficou pálido, os seus olhos arregalados em choque.

"O quê? Não... não pode ser."

A Sofia parou de chorar e olhou para mim, uma expressão de falsa surpresa no rosto.

"Oh, Lia... eu sinto tanto."

Ignorei-a. O meu foco estava no homem que eu tinha casado, o pai do meu filho morto.

"Sim, pode ser," disse eu, com uma calma assustadora. "E a culpa é tua."

"Lia, não digas isso," ele gaguejou, aproximando-se. "Foi um acidente."

"Foi um acidente que aconteceu porque estavas mais preocupado com o drama dela do que com a segurança da tua mulher grávida de nove meses," cuspi as palavras.

Fui levada de volta para o quarto. A minha mãe, a Clara, chegou pouco depois, o seu rosto vincado pela preocupação. Quando lhe contei o que aconteceu, a sua expressão transformou-se em fúria.

"Aquele desgraçado," ela sibilou. "Eu vou matá-lo."

"Não vale a pena, mãe." A minha voz estava vazia. "Já não há nada a fazer."

O meu telemóvel, que a enfermeira tinha recuperado dos meus pertences, começou a tocar. Era o Rui, o pai do Pedro. O meu sogro.

Pensei que ele estava a ligar para saber de mim.

Enganei-me.

Atendi, e a sua voz irritada explodiu no meu ouvido antes mesmo de eu conseguir dizer "olá".

"Lia! O que é que fizeste ao Pedro? Ele ligou-me a chorar, a dizer que o culpaste pelo acidente! Tens noção do estado em que a Sofia ficou? A rapariga está traumatizada!"

Fiquei em silêncio, a absorver a crueldade das suas palavras. Ele não perguntou por mim, não perguntou pelo seu neto.

"O seu neto morreu, Rui," disse eu, friamente.

Houve uma pausa. "Foi uma tragédia, claro," disse ele, o tom a suavizar-se por um instante antes de voltar à dureza. "Mas não te dá o direito de atormentares o meu filho e a Sofia. O Pedro já se sente culpado o suficiente. Em vez de o apoiares, estás a atacá-lo. Que raio de esposa és tu?"

Desliguei a chamada. Não havia mais nada para dizer.

O Pedro entrou no quarto nesse momento, o rosto vermelho de choro.

"Lia, por favor, vamos conversar."

Olhei para ele, para o homem que eu um dia amei. Agora, só via um estranho.

"Não há nada para conversar, Pedro."

"Claro que há! Nós somos uma família. Vamos superar isto juntos."

"Nós não somos mais uma família," disse eu, cada palavra pesada e definitiva. "Eu quero o divórcio."

            
            

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