Pelo Lucas: A Justiça de Uma Mãe
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Capítulo 2

Pedro chegou vinte minutos depois.

Ele não veio sozinho.

Sofia estava com ele, agarrada ao seu braço, com os olhos cheios de lágrimas fingidas.

"Oh, Pedro, eu sinto muito, muito mesmo", ela murmurava, como se a tragédia fosse dela.

Pedro viu-me e marchou na minha direção. O seu rosto era uma máscara de fúria.

"Ana, explica-te."

"Não há nada a explicar. O nosso filho morreu."

"Como é que isso aconteceu?"

"Eu já te disse. Ele caiu."

Sofia interrompeu, com a voz trémula. "Pedro, querido, não sejas tão duro com ela. Ela deve estar a sofrer."

Ele suavizou o olhar para ela, depois voltou-se para mim, com a raiva renovada.

"A Sofia tem razão, mas eu preciso de saber. Onde estavas tu?"

"Eu estava a trabalhar, Pedro. Onde tu devias estar."

"Eu tirei a tarde para resolver um assunto importante!"

"Um assunto importante chamado Sofia?"

A cara dele ficou vermelha. "Não fales do que não sabes. A Sofia estava a passar por um momento difícil. O cão dela foi atropelado."

O cão dela.

O meu filho estava morto, e ele estava a consolar uma mulher porque o cão dela foi atropelado.

Senti uma vontade súbita de rir.

Um riso amargo e vazio.

"O cão dela está bem?", perguntei, com a voz perigosamente calma.

Pedro ficou confuso. "O quê? Sim, o veterinário disse que ele vai ficar bem. Mas isso não vem ao caso!"

"Claro que vem", disse eu. "Pelo menos alguém saiu a ganhar hoje."

Dona Elvira, que tinha estado a observar, interveio.

"Vês, Pedro? Ela nem sequer se importa! Está a fazer piadas! Que tipo de mãe é esta?"

Pedro olhou para mim com nojo.

"Vamos divorciar-nos, Pedro."

A frase saiu da minha boca antes que eu pudesse pensar.

Mas, assim que a disse, soube que era a única coisa certa a fazer.

Sofia ofegou.

Pedro olhou para mim como se eu tivesse enlouquecido.

"Divórcio? Agora? O nosso filho acabou de morrer, e tu estás a pensar em divórcio? És inacreditável, Ana. Não tens coração?"

"O meu coração morreu com o meu filho, Pedro. O filho que tu deixaste morrer para ires consolar a tua ex-namorada."

"Eu não o deixei morrer! Eu não sabia!"

"Mas podias ter sabido. Se tivesses atendido uma das dezoito chamadas."

Ele ficou sem palavras. A sua raiva vacilou, substituída por um vislumbre de culpa.

Mas durou pouco.

"Eu estava ocupado. A Sofia precisava de mim."

"E o Lucas não?"

Ele não respondeu.

"Saiam daqui", disse eu, com a voz baixa mas firme. "Os dois."

Sofia puxou o braço de Pedro. "Vamos, querido. Ela não está a pensar com clareza."

Eles viraram-se para sair.

Foi nesse momento que o meu telemóvel tocou.

Era um número desconhecido.

Atendi.

"Estou a falar com a Sra. Ana Costa?"

"Sim."

"Sou o inspetor Morais, da polícia. Estamos a investigar a morte do seu filho, Lucas Costa. Precisamos de lhe fazer algumas perguntas."

            
            

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