Pelo Lucas: A Justiça de Uma Mãe
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Capítulo 4

Na manhã seguinte, eu estava no Café Central às dez em ponto.

O lugar estava meio vazio.

Procurei um rosto que pudesse pertencer à pessoa misteriosa.

Uma mulher sentada num canto acenou para mim.

Ela parecia ter uns quarenta e poucos anos, com um rosto cansado mas olhos determinados.

Sentei-me em frente a ela.

"Você é a Ana?", perguntou ela.

"Sim. E você é?"

"O meu nome é Clara. Eu era a cozinheira na creche do Lucas."

O meu pulso acelerou.

"Você enviou a mensagem."

"Sim."

"O que quer dizer com 'não foi um acidente'?"

Clara olhou em volta, nervosa.

"A professora, a Inês, ela não gosta muito de crianças ativas. O Lucas era muito enérgico, corria por todo o lado. Ela estava sempre a ralhar com ele."

"Isso não significa que ela o tenha magoado."

"Não. Mas naquele dia, eu vi algo."

Ela fez uma pausa, a tomar coragem.

"Eu estava na cozinha, que tem uma janela para o recreio. Vi a Inês e o Lucas perto do escorrega. Eles estavam a discutir. O Lucas não queria descer. A Inês parecia zangada. Ela agarrou-o pelo braço e... empurrou-o."

O ar ficou preso nos meus pulmões.

"Ela empurrou-o?"

"Sim. Não foi com muita força, mas foi o suficiente para ele perder o equilíbrio e cair de forma estranha. Ele bateu com a cabeça no chão."

As imagens passaram pela minha mente. O meu filho, assustado. A professora, irritada. Um empurrão. Uma queda.

"Porque é que não disse isto à polícia?"

"Tenho medo. A Inês é sobrinha da diretora da creche. Se eu falar, perco o meu emprego. Tenho dois filhos para sustentar."

"O meu filho está morto!", a minha voz saiu mais alta do que eu pretendia.

"Eu sei. E sinto muito. É por isso que a contactei. Eu não disse à polícia, mas posso dizer a si. Você é a mãe dele. Você merece saber a verdade."

Ela pegou na sua mala.

"Eu tenho de ir. Mas pense nisto. A Inês disse que estava do outro lado do recreio quando ele caiu. É mentira. Ela estava mesmo ao lado dele."

Clara levantou-se e saiu do café, deixando-me sozinha com aquela informação horrível.

A minha dor transformou-se em fúria.

Uma fúria fria e calculista.

Olhei para o relógio. Eu tinha um encontro na esquadra.

Com o Pedro.

E agora, eu tinha uma arma. A verdade.

                         

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