O meu nome é Sofia.
Hoje, casei-me com o Diogo, o homem que amei durante dez anos.
A cerimónia foi grandiosa, com todos os nossos amigos e familiares presentes.
O Diogo estava incrivelmente bonito no seu fato. Ele segurou a minha mão, os seus olhos cheios de um carinho que eu conhecia tão bem.
"Sofia, serás a minha mulher para sempre."
Eu sorri, acreditando em cada palavra.
Mas quando a noite caiu e os convidados foram embora, ele desapareceu.
Liguei-lhe. Sem resposta.
Mandei mensagens. Nenhuma foi lida.
Fiquei sentada sozinha na nossa nova casa, o meu vestido de noiva branco a parecer uma piada cruel no silêncio.
Às duas da manhã, a porta abriu-se.
O Diogo entrou, cambaleando ligeiramente. O cheiro de álcool e de um perfume feminino barato encheu o ar.
"Onde estiveste?", perguntei, a minha voz a tremer.
Ele olhou para mim, os seus olhos frios.
"A Beatriz tentou suicidar-se. Tive de ir para o hospital."
Beatriz. A sua ex-namorada. A mulher que ele me disse que já não significava nada.
"Ela está bem?", consegui perguntar.
"Ela cortou os pulsos. Está estável agora, mas está muito fraca. Precisa de mim."
O meu coração afundou-se. Na nossa noite de núpcias, ele estava com outra mulher.
"E eu?", a minha voz era um sussurro. "Eu não preciso de ti?"
O Diogo franziu o sobrolho, a sua paciência a esgotar-se.
"Sofia, não sejas egoísta. A vida da Beatriz estava em perigo. O que querias que eu fizesse? Deixá-la morrer?"
Ele despiu o casaco e atirou-o para uma cadeira. Havia uma mancha de batom vermelho no colarinho da sua camisa.
Não era a cor que eu estava a usar.
"A Beatriz não tem mais ninguém", continuou ele, sem me olhar. "Os pais dela não querem saber. Eu sou tudo o que ela tem."
Senti um nó na garganta.
"E o que sou eu para ti, Diogo?"
Ele finalmente olhou para mim, a sua expressão dura.
"Tu és a minha mulher. Age como tal. Sê compreensiva."
Depois, virou-se e foi para o quarto de hóspedes, fechando a porta atrás de si.
Fiquei ali, no meio da sala de estar, o frio a instalar-se nos meus ossos.
O casamento que eu sonhei durante uma década tinha-se transformado num pesadelo em apenas algumas horas.