No dia seguinte, fiz as minhas malas.
Não muitas coisas. Apenas o essencial. Uma pequena mala de viagem.
Eu não estava a fugir. Estava a dar-lhe espaço para escolher.
O Diogo observou-me em silêncio, encostado ao umbral da porta. A sua cara era uma máscara indecifrável.
"Para onde vais?", perguntou ele finalmente.
"Para a casa da Lara. Vou ficar lá por uns tempos."
"E isto?", ele gesticulou para o quarto, para a casa. "O nosso casamento?"
"Isso depende de ti", respondi, fechando o fecho da mala. O som pareceu ecoar no silêncio tenso. "Depende de quem vai dormir no quarto de hóspedes esta noite. Eu ou ela."
Ele não disse nada. A sua mandíbula estava tensa.
Peguei na minha mala e passei por ele sem lhe tocar.
Cada passo para longe dele era como arrancar um pedaço de mim mesma.
Amá-lo era a única coisa que eu sabia fazer. Mas eu não podia continuar a viver assim.
Quando cheguei à porta, a sua voz parou-me.
"Sofia."
Virei-me, o meu coração a saltar. Talvez ele mudasse de ideias. Talvez ele me pedisse para ficar.
"Ela não tem culpa", disse ele, a sua voz baixa e séria. "Ela está doente. Ela precisa de ajuda."
O meu coração desmoronou-se.
"E eu?", sussurrei. "Eu não estou? Não estou a sofrer?"
Ele desviou o olhar.
Naquele momento, eu soube. Ele tinha feito a sua escolha. E não era eu.
Abri a porta e saí para a luz do sol, deixando para trás a casa dos meus sonhos e o homem que eu pensava que era o meu futuro.
As lágrimas que eu tinha segurado finalmente caíram, a manchar a minha visão enquanto eu caminhava para o meu carro.