Herança Roubada: A Luta de Lia
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Capítulo 3

Dois dias depois, recebi uma chamada da Sra. Almeida.

A sua voz era fria como gelo.

"Lia, espero que estejas satisfeita. O Pedro está destroçado."

Sentei-me no sofá do meu pai, rodeada de caixas. Estava a começar a organizar as suas coisas.

"Eu fiz o que era melhor para mim", respondi calmamente.

"Melhor para ti? E o meu filho? E a reputação da nossa família? Já tínhamos enviado os convites!"

"Pode dizer aos convidados que o noivo tinha outras prioridades."

Ouvi-a a inspirar bruscamente.

"Sua ingrata. Depois de tudo o que fizemos por ti."

"O que é que fizeram por mim? Toleraram-me porque o vosso filho me escolheu. Mas nunca gostaram de mim. Sempre fui a segunda opção, depois da Sofia."

"A Sofia é uma menina doce e frágil! Tu és... diferente. Sempre foste demasiado independente, demasiado teimosa."

"Obrigada pelo elogio."

"Isto não é um elogio! É por isso que o Pedro se sentia atraído pela Sofia. Ela precisa de proteção. Tu achas que não precisas de ninguém."

As suas palavras confirmaram tudo o que eu já sentia. Para eles, a minha força era uma falha. A minha independência era um defeito.

"Talvez eu não precise mesmo", disse eu. "Pelo menos, não de vocês."

"Vais arrepender-te. Vais acabar sozinha, Lia. Ninguém quer uma mulher como tu."

"Prefiro ficar sozinha a estar com pessoas que me fazem sentir sozinha."

Desliguei o telefone. Não lhe dei a satisfação de me ouvir chorar.

Mas as lágrimas vieram. Lágrimas de raiva, de frustração, e de uma estranha sensação de alívio.

Ela tinha razão. Eu era teimosa. E a minha teimosia ia salvar-me.

Continuei a empacotar as coisas do meu pai. Cada objeto trazia uma memória. O seu velho relógio, os seus livros de história, a sua caneca de café preferida.

Encontrei uma pequena caixa de madeira no fundo do seu armário. Dentro, havia cartas. Cartas da minha mãe para ele, de quando namoravam.

E por baixo delas, um documento legal. Um testamento.

Mas não era o testamento que eu conhecia. Era um rascunho mais antigo.

Nesse rascunho, ele deixava a maior parte dos seus bens, incluindo a casa e uma quantia significativa de dinheiro, para mim.

Mas havia uma cláusula estranha.

"Caso a minha morte ocorra antes do casamento da minha filha Lia com Pedro Almeida, uma parte substancial dos meus bens será transferida para a família Almeida, como gratidão pela sua amizade e apoio ao longo dos anos."

O meu coração parou.

O quê?

            
            

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