A Ex-Esposa Rejeitada: O Renascer de Uma Fênix
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Capítulo 2

Sentei-me no banco frio do corredor do hospital durante horas.

Não sei quanto tempo passou. Um, dois, talvez cinco horas.

O meu corpo estava dormente, a minha mente vazia.

O telemóvel que eu tinha deixado cair começou a tocar. O ecrã iluminou o chão escuro.

Era a minha sogra, a mãe de Pedro.

Hesitei, mas atendi. Talvez Pedro lhe tivesse contado. Talvez ela estivesse a ligar para me confortar.

Assim que atendi, a sua voz aguda e zangada atacou-me.

"Lúcia! O que se passa contigo? O Pedro acabou de me ligar! Como te atreves a pedir o divórcio? Por causa de uma coisinha de nada?"

Uma coisinha de nada. A morte do meu pai era uma coisinha de nada para eles.

"A Clara é como uma filha para mim! Ela está sozinha no mundo, o Pedro tem a obrigação de cuidar dela! Tu, como esposa dele, devias apoiá-lo, não criar problemas!"

Apertei o telemóvel com força. A minha voz saiu fria como gelo.

"O meu pai morreu."

Houve um silêncio do outro lado. Um silêncio curto, desconfortável.

Depois, a voz dela voltou, mas sem qualquer pingo de simpatia.

"Oh. Bem... isso é triste. Mas as pessoas morrem. Não é desculpa para ameaçares o meu filho com o divórcio. Ele já está sob muito stress a cuidar da Clara."

Senti uma vontade súbita de rir. Um riso amargo e doloroso.

"Eu não o estou a ameaçar," disse eu, com uma calma assustadora. "Estou a informá-lo. O casamento acabou."

"Tu... tu és uma ingrata! Depois de tudo o que fizemos por ti! O teu pai ficaria desapontado com o teu comportamento egoísta!"

Desliguei a chamada. Não conseguia ouvir mais.

O meu pai.

Ele ficaria desapontado, sim. Desapontado com o homem a quem entregou a sua filha.

Fui até à janela no final do corredor. A cidade brilhava lá em baixo, indiferente à minha dor.

As pessoas viviam as suas vidas, riam, amavam, discutiam.

O meu mundo tinha parado, mas o resto do mundo continuava a girar.

O meu pai ensinou-me a ser forte. Ele ensinou-me a não depender de ninguém.

Tinha esquecido essa lição. Tinha-me tornado dependente de Pedro, do seu amor, da sua aprovação.

Agora, lembrava-me.

A dor era imensa, uma ferida aberta no meu peito. Mas por baixo da dor, uma nova força começava a crescer.

A força da raiva. A força da resolução.

Voltei para a morgue e tratei da papelada. Cada assinatura era um passo para longe da minha vida antiga.

Quando saí do hospital, já era madrugada. O ar estava frio.

Chamei um táxi.

"Para onde, senhora?"

Dei a morada da casa que partilhava com Pedro.

Tinha coisas para fazer. Tinha de fazer as malas.

            
            

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