Renascer Pelo Meu Filho
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Capítulo 1

O meu filho, Leo, começou a ter convulsões às três da manhã.

A sua febre estava a arder, o seu corpo pequeno tremia violentamente na cama. Corri para o quarto, o pânico a tomar conta de mim.

Peguei no telefone, as minhas mãos a tremer tanto que mal conseguia marcar o número do meu marido, Miguel.

A chamada tocou uma, duas, três vezes. Finalmente, ele atendeu. A sua voz estava sonolenta e irritada.

"Clara? O que foi? São três da manhã."

"Miguel, é o Leo! Ele está a arder em febre, está a ter convulsões! Precisamos de ir para o hospital, agora!"

Houve uma pausa. Ao fundo, ouvi uma voz feminina, chorosa e suave. Era a Sofia, a sua meia-irmã.

"Miguel, o Mimo ainda não voltou... Estou com tanto medo."

O Miguel suspirou ao telefone, não para mim, mas para ela.

"Calma, Sofia. Vamos encontrá-lo. Ele não pode ter ido longe."

A sua atenção voltou para mim, a sua voz dura e fria.

"É só uma febre, Clara. Dá-lhe um remédio. Estou ocupado aqui, a Sofia está a ter um ataque de pânico. O gato dela fugiu."

O gato dela.

O meu filho estava a ter convulsões, e o meu marido estava a consolar a sua meia-irmã por causa de um gato desaparecido.

"Miguel, isto é sério! Ele precisa de um médico!"

"Eu sei que estás preocupada, mas não podes exagerar sempre? A Sofia precisa de mim agora. Ela está sozinha e assustada. Leva um táxi para o hospital se achas que é assim tão grave. Ligo-te mais tarde."

Ele desligou.

Não houve mais tarde.

Enrolei o Leo num cobertor, o seu corpo a alternar entre tremores e uma rigidez assustadora. Corri para a rua na noite fria, acenando desesperadamente por um táxi.

No hospital, os médicos e enfermeiros agiram rapidamente. Levaram o Leo de mim, e eu fiquei sozinha no corredor branco e estéril. O silêncio era ensurdecedor.

Horas mais tarde, um médico veio ter comigo. O seu rosto era grave.

"O seu filho tem meningite bacteriana. A intervenção rápida foi crucial. As próximas 48 horas são críticas."

Meningite.

A palavra ecoou na minha cabeça. Uma doença que podia matar ou deixar sequelas permanentes.

Sentei-me no banco de plástico duro, o meu corpo frio. Olhei para o meu telefone. Nenhuma chamada perdida do Miguel. Nenhuma mensagem.

Naquele momento, no corredor silencioso do hospital, com o cheiro a antissético no ar, eu soube. O meu casamento tinha acabado.

            
            

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