Cicatrizes de Uma Traição: Um Novo Começo para Sofia
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Capítulo 2

Dois dias depois, Leo finalmente apareceu no hospital.

Ele não veio sozinho.

Trouxe a Camila com ele.

Ela estava numa cadeira de rodas, com o tornozelo ligado, a fazer uma cara de vítima.

O meu sogro, o Sr. Alves, empurrava a cadeira.

Leo trazia um cesto de fruta. Um gesto vazio e insultuoso.

"Sofia, como te sentes?"

A voz dele era suave, como se nada tivesse acontecido.

Não respondi. Apenas olhei para ele. Depois para a Camila.

Ela evitou o meu olhar, concentrando-se num ponto imaginário na parede.

"Sofia, querida, sabemos que estás a passar por um momento difícil," começou o meu sogro, com um tom paternalista. "Mas não podes culpar o Leo. Ele fez o que qualquer pessoa decente faria."

"Qualquer pessoa decente teria dado prioridade à sua mulher grávida de nove meses, que estava em perigo de vida," respondi, a minha voz cortante como vidro.

Camila começou a chorar baixinho.

"A culpa é minha... Eu não devia ter ligado ao Leo... Eu devia ter morrido lá..."

Leo apressou-se a confortá-la, colocando uma mão no seu ombro.

"Não digas isso, Camila. Não foi culpa tua. A Sofia está apenas perturbada, ela não quer dizer isso."

Ele falava de mim como se eu não estivesse ali.

"Eu quero dizer cada palavra," afirmei, olhando diretamente para ele. "Eu quero o divórcio."

A expressão de Leo endureceu.

"Já chega, Sofia! Estás a ser egoísta! Perdemos um filho, eu também estou a sofrer! Mas não podes usar isso para me atacar!"

Ele estava a sofrer?

"Tu não perdeste nada, porque não estavas lá. Estavas demasiado ocupado a ser o herói da Camila."

"Isso não é justo!" gritou ele. "Eu não sabia que a situação era tão grave!"

"Eu liguei-te dezoito vezes, Leo. Dezoito. Em cada chamada, a minha voz estava mais desesperada. O que é que tu pensavas que estava a acontecer? Que eu estava a ligar para saber se querias bacalhau ou frango para o jantar?"

O meu sogro interveio.

"Sofia, controla-te! Estás num hospital! E estás a assustar a Camila!"

Olhei para a Camila, que se encolhia na cadeira de rodas, a chorar como uma criança.

"Ela parece bem assustada. Talvez da próxima vez que decidir passear o cão dela durante um alerta de tempestade, pense duas vezes."

"Tu és inacreditável," disse Leo, abanando a cabeça em desilusão. "Eu vim aqui para tentar fazer as pazes, para te apoiar, e é isto que recebo."

"Tu não vieste aqui para me apoiar. Tu vieste aqui para aliviar a tua consciência. E trouxeste a tua audiência para te sentires justificado."

Levantei a mão.

"Saiam. Todos vocês. Saiam do meu quarto."

"Sofia, não sejas assim..."

"SAIAM!"

A minha voz ecoou no pequeno quarto. Uma enfermeira apareceu à porta, com um ar preocupado.

Leo olhou para mim, depois para a enfermeira, e finalmente cedeu.

Ele empurrou a cadeira de rodas da Camila para fora, com o pai a segui-los.

Antes de sair, Leo virou-se.

"Tu vais arrepender-te disto, Sofia."

Não, não vou.

O único arrependimento que tenho é ter-me casado contigo.

            
            

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