Cicatrizes de Uma Traição: Um Novo Começo para Sofia
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Capítulo 4

As palavras de Marta pairaram no ar, pesadas e venenosas.

Amantes.

A palavra ecoou na minha cabeça.

"Isso... isso não é possível," gaguejei, embora uma parte de mim soubesse que era verdade.

Explicava tudo. A urgência dele em salvá-la. A forma como a defendia. A intimidade entre eles.

Marta abriu a sua mala e tirou um envelope.

Deslizou-o pela mesa na minha direção.

"Eu trabalhei com o Leo durante cinco anos. Vi tudo. As escapadelas à hora do almoço. As chamadas sussurradas. As viagens de 'negócios' que, por coincidência, eram sempre para os mesmos sítios onde a Camila estava de 'férias'."

Abri o envelope com os dedos a tremer.

Dentro, havia fotografias.

Leo e Camila a beijarem-se num parque.

Leo e Camila a saírem de um hotel, de mãos dadas.

Leo e Camila a abraçarem-se numa praia, ele com a mão na parte de baixo das costas dela, de uma forma que não era nada fraternal.

As provas eram irrefutáveis.

Senti uma náusea. O chá que tinha bebido ameaçava voltar.

"Porque é que me está a contar isto agora?" perguntei, a voz embargada.

"Porque eu também fui enganada por ele," disse Marta, a sua expressão endurecendo. "Tivemos um caso breve, há muito tempo. Ele prometeu-me o mundo. Disse que ia deixar a namorada da altura por mim. Claro que nunca o fez. Quando descobri a Camila, percebi que eu era apenas mais uma na lista dele."

Ela olhou para mim com uma espécie de simpatia amarga.

"E depois ele casou contigo. Pensei que talvez ele tivesse mudado. Mas quando soube o que aconteceu no deslizamento de terra... percebi que ele nunca mudaria. Ele é um monstro egoísta. E tu e o teu filho merecem justiça."

Justiça.

Essa palavra de novo.

Olhei para as fotografias. Para o rosto sorridente do homem com quem me casei, o homem que me mentiu, me traiu e deixou o nosso filho morrer.

A dor transformou-se em fúria. Uma fúria fria e calculista.

"O que é que eu faço com isto?" perguntei, apontando para as fotografias.

"Usa-as," disse Marta. "Destrói-o. No divórcio, na vida. Não o deixes escapar impune."

Levantou-se.

"Eu disse o que tinha a dizer. O resto é contigo. Boa sorte, Sofia."

E com isso, ela foi-se embora, deixando-me sozinha com a verdade feia e as provas da traição do meu marido.

Guardei as fotografias no envelope.

A minha mente estava a mil.

O divórcio já não era apenas sobre o abandono dele.

Era sobre adultério. Sobre anos de mentiras.

Ele não ia simplesmente sair disto.

Ia pagar. Por tudo.

                         

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