Desvendando o Homem Que Eu Pensava Conhecer
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Capítulo 4

A minha sogra, a Helena, entrou em nossa casa como um furacão.

Ela nem sequer me cumprimentou.

Foi direta ao Pedro, que estava a tomar café na cozinha.

"Pedro! O que é isto que eu ouço sobre a pobre Sofia?"

O Pedro engasgou-se com o café. "Mãe? O que estás aqui a fazer?"

"A mãe dela ligou-me! A rapariga partiu o pulso a tentar ajudar a tua filha e agora está sozinha, sem ninguém para a ajudar! E tu não fizeste nada!"

Ela virou-se para mim, os seus olhos a faiscar.

"E tu! Eu sei que foste tu. A proibi-lo de a ajudar. Que tipo de mulher és tu? Tão insegura e ciumenta. A Sofia é uma rapariga tão doce."

Eu fiquei ali, sem palavras.

O Pedro interveio. "Mãe, para. A Ana não tem nada a ver com isto. A decisão foi minha."

"Tua decisão?" ela riu-se. "Não me faças rir. Desde que casaste com ela, não tens tido uma decisão tua. Ela controla-te."

"Isso não é verdade!"

"É sim! A pobre Sofia, sempre a falar tão bem de ti. Ela ainda te ama, sabes. Ela disse-me. Ela disse que espera que tu um dia percebas o erro que cometeste."

O ar na cozinha ficou gelado.

Eu olhei para o Pedro. O rosto dele estava pálido.

Ele não negou. Ele não disse "Que erro?". Ele apenas ficou ali, em silêncio.

E o silêncio dele foi a resposta mais alta de todas.

"Mãe, por favor, vai-te embora," disse o Pedro, a sua voz tensa.

"Eu vou. Mas pensem nisto. A família devia ajudar-se mutuamente. E a Sofia, ela é como família."

Ela olhou para mim uma última vez, um olhar de puro desprezo, antes de se virar e sair, a bater a porta atrás de si.

Eu continuei a olhar para o Pedro.

"Ela ainda te ama," repeti eu, a minha voz um sussurro. "E tu sabes disso."

"Ana, não é o que parece..."

"Não? Então o que é, Pedro? O que é que eu não estou a ver? O 'erro' que cometeste foi casar comigo?"

"Claro que não! A minha mãe está só a ser dramática!"

"Ela disse que a Sofia te disse que ainda te amava. Isso é drama, Pedro? Ou é a verdade?"

Ele passou as mãos pelo cabelo, um gesto de frustração.

"Nós... nós falámos. Há alguns meses. Ela estava a passar por um mau bocado. Ela disse algumas coisas. Mas não significou nada!"

O meu coração partiu-se.

Não pela confissão. Mas pela mentira.

Ele tinha-me escondido isto. Ele tinha falado com ela sobre os sentimentos dela por ele e nunca me tinha dito uma palavra.

"Sai," disse eu.

"O quê?"

"Pega nas tuas coisas e sai da minha casa."

"Ana, não sejas assim. Vamos falar sobre isto."

"Não há nada para falar. Tu mentiste para mim. Tu desrespeitaste-me. E permitiste que a tua mãe e a tua ex-namorada desrespeitassem o nosso casamento. Acabou. Pega nas tuas coisas e vai ajudar a Sofia. Ela precisa de ti."

Virei-lhe as costas e saí da cozinha.

Subi as escadas, tranquei a porta do meu quarto e finalmente, permiti-me chorar.

                         

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