A Guerra de Sofia
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Capítulo 1

O meu nome é Sofia e o meu marido, Pedro, odeia-me.

Recebi a mensagem de texto dele exatamente às 17h05.

"Sofia, estou no avião. Aterro às oito da noite. Prepara o jantar e espera por mim em casa."

Olhei para o texto, depois para o meu reflexo na janela do hospital. O meu rosto estava pálido, sem cor.

Eu estava no hospital.

A minha mãe estava a morrer.

Há três horas, os médicos disseram-me que ela precisava de uma cirurgia de emergência. A taxa de sucesso era inferior a 30%.

Liguei ao Pedro mais de vinte vezes, mas ele nunca atendeu.

Agora, ele finalmente me respondeu, mas não foi para perguntar sobre a minha mãe. Foi para me dar ordens.

Respirei fundo, o ar frio do hospital encheu os meus pulmões.

"Pedro, a minha mãe está no hospital. A cirurgia acabou de terminar, ela está em estado crítico. Podes vir?"

Enviei a mensagem, as minhas mãos a tremer ligeiramente.

A resposta dele chegou quase instantaneamente.

"Outra vez? A tua mãe não está sempre a morrer? Quantas vezes é que ela já usou essa desculpa este mês?"

O telemóvel quase me caiu da mão.

"Ela está mesmo em perigo desta vez. Os médicos disseram que ela pode não sobreviver à noite."

"Para de criar dramas. Estou cansado. A minha irmã, a Laura, está comigo. Ela não se sente bem, o médico disse que ela precisa de descansar. Estou a levá-la para nossa casa para recuperar. Certifica-te de que o quarto de hóspedes está limpo."

A minha cabeça ficou em branco.

Laura. A irmã dele. A mulher que a minha mãe mais odiava.

E ele ia trazê-la para a nossa casa.

"Pedro, a minha mãe está a morrer!"

Gritei para o telemóvel na minha mensagem de voz, já sem me importar com as outras pessoas no corredor do hospital.

A resposta dele foi um emoji a revirar os olhos.

Depois, outra mensagem.

"Se ela morrer, avisa-me. Eu mando flores."

Naquele momento, algo dentro de mim partiu-se.

O amor, a esperança, a paciência que eu tinha guardado durante três anos de casamento, tudo se desfez em pó.

Olhei para a porta da Unidade de Cuidados Intensivos. A luz vermelha ainda estava acesa.

Senti-me exausta.

Peguei no telemóvel e comecei a escrever.

"Pedro, vamos divorciar-nos."

            
            

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