A Guerra de Sofia
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Capítulo 2

A resposta dele não demorou.

"Estás louca? Divórcio? Só porque não corri para o hospital por causa de mais um dos dramas da tua mãe?"

"Tu és inacreditável, Sofia. Sempre tão egoísta."

Egoísta?

Eu, que abdiquei da minha carreira para o apoiar?

Eu, que cuidei da casa dele, da família dele, que aturei a irmã dele durante três anos?

Eu era a egoísta?

"O avião está a descolar. Falamos quando eu aterrar. E é melhor teres mudado de ideias."

Ele não me deu oportunidade de responder.

Sentei-me no banco frio do corredor, a sentir um vazio profundo.

Lembrei-me do nosso casamento.

Eu amava-o. Amava-o tanto que ignorei todos os sinais de alarme.

A forma como a família dele me tratava. A forma como a irmã dele, a Laura, olhava para mim, com uma mistura de pena e desprezo.

A forma como o Pedro me defendia sempre com um "ela é assim, tem paciência".

A minha mãe avisou-me.

"Sofia, este homem não te ama. Ele só te está a usar."

Eu não quis acreditar. Pensei que o amor dele era diferente, mais profundo.

Que tolice.

O telemóvel vibrou na minha mão. Era um número desconhecido.

Atendi.

"É a Sofia? Sou a enfermeira da UCI. A sua mãe acordou. Ela está a chamar por si."

O meu coração deu um salto.

Corri para a porta, as minhas pernas fracas.

A minha mãe estava deitada na cama, rodeada de tubos e máquinas.

Os seus olhos, antes cheios de vida, estavam agora turvos de dor.

Ela estendeu a mão na minha direção.

"Filha..."

A voz dela era um sussurro fraco.

"Mãe, eu estou aqui. Vai ficar tudo bem."

As lágrimas que eu tinha segurado finalmente caíram.

Ela abanou a cabeça lentamente.

"Sofia... deixa-o. Ele não te merece."

Cada palavra parecia custar-lhe uma energia imensa.

"Ele... e a irmã dele... eles são veneno."

Eu assenti, incapaz de falar.

"Promete-me... promete-me que vais ser feliz."

"Eu prometo, mãe. Eu prometo."

Ela sorriu, um sorriso fraco e cansado.

Depois, o monitor cardíaco ao lado da cama começou a apitar, um som agudo e contínuo.

As enfermeiras e os médicos entraram a correr.

Tiraram-me da sala.

Fiquei a olhar pela pequena janela da porta, a ver a equipa a tentar reanimá-la.

Mas eu sabia.

Ela tinha-se ido.

            
            

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