A Guerra de Sofia
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Capítulo 4

Os dias seguintes foram um borrão.

Organizei o funeral da minha mãe. Foi uma cerimónia pequena, apenas com alguns amigos próximos e familiares.

O Pedro não apareceu. Não mandou flores.

Não me surpreendeu.

A surpresa veio uma semana depois, quando o meu advogado me ligou.

"Sofia, o Sr. Alves recusa-se a assinar os papéis do divórcio."

"O quê? Porquê?"

"Ele afirma que a amas e que esta decisão foi tomada num momento de dor. Ele quer uma oportunidade para se reconciliar."

Reconciliar?

Senti o meu estômago revirar.

"Diga-lhe que não há nada para reconciliar. O casamento acabou."

"Eu já lhe disse isso. Ele insiste. Ele também fez uma contraproposta. Ele concorda com o divórcio, mas apenas se tu concordares com as condições dele."

"Que condições?"

"Ele quer a casa. O carro. E metade das tuas poupanças."

Fiquei em silêncio.

A casa que o meu pai me deixou. O carro que eu comprei com o meu próprio dinheiro antes de casar. As minhas poupanças, o dinheiro que a minha mãe me ajudou a juntar.

Ele queria tudo.

"Isso é impossível. A lei está do meu lado. Os bens são meus, de antes do casamento."

"Eu sei, Sofia. Mas ele está a ameaçar arrastar o processo. Torná-lo feio. Ele disse que tem... informações... que poderiam prejudicar a tua reputação."

Senti um arrepio.

"Que informações?"

"Ele não especificou. Mas o tom dele era... desagradável."

Sabia exatamente o que ele estava a fazer. Ele estava a tentar intimidar-me. A esgotar-me.

Ele conhecia-me. Sabia que eu odiava conflitos.

Ele pensava que eu cederia, só para ter paz.

Mas ele não conhecia a nova Sofia.

A Sofia que viu a mãe morrer. A Sofia que ele deixou sozinha.

"Diga-lhe que nos vemos em tribunal."

Desliguei e respirei fundo.

A guerra tinha começado.

                         

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