No dia do casamento da minha melhor amiga, Eva, o meu marido, Lucas, desapareceu.
Eu liguei para ele inúmeras vezes, mas o telefone dele estava sempre desligado.
A cerimónia estava prestes a começar, e como madrinha de honra, eu precisava de estar lá, mas o meu coração estava cheio de uma ansiedade que não conseguia explicar.
Finalmente, recebi uma mensagem dele.
Não era uma explicação, nem um pedido de desculpas.
Era uma fotografia.
Na foto, a minha irmã mais nova, Lara, estava deitada numa cama de hospital, com o rosto pálido e um sorriso fraco. Lucas estava ao lado dela, a segurar-lhe a mão com força, os olhos dele cheios de uma preocupação que eu nunca tinha visto antes.
A legenda da foto era simples: "A Lara desmaiou. Estou com ela no hospital. Não me procures."
Olhei para a foto, para a mão deles entrelaçada, e senti o meu mundo a desmoronar-se.
A Eva, a noiva, aproximou-se de mim, com o rosto cheio de preocupação.
"Catarina, o que se passa? Estás tão pálida. Onde está o Lucas?"
Mostrei-lhe o telemóvel, incapaz de dizer uma única palavra.
Ela olhou para a foto e a sua expressão mudou de preocupação para raiva pura.
"Aquele desgraçado! A Lara outra vez? Ela não pode simplesmente deixá-lo em paz por um dia? É o casamento da melhor amiga da mulher dele!"
Eu forcei um sorriso.
"Está tudo bem, Eva. É o teu grande dia. Vamos, não podemos atrasar a cerimónia."
Ela agarrou-me no braço. "Catarina, não tens de fingir. Se quiseres ir embora, eu compreendo."
"Não", disse eu, com a voz mais firme que consegui. "Eu sou a tua madrinha de honra. Vou ficar aqui contigo."
Durante toda a cerimónia, fiquei ao lado da Eva, sorrindo, aplaudindo e segurando o seu bouquet. Mas a minha mente estava noutro lugar. Estava no hospital, com o meu marido e a minha irmã.
Eles pareciam um casal. Eu era a estranha.
A festa de casamento continuou, com música alta e pessoas a rir. Sentei-me a uma mesa, sozinha, a olhar para o meu telemóvel.
Liguei para a minha mãe.
"Mãe, a Lara está bem?"
A voz da minha mãe soou cansada e irritada do outro lado da linha.
"O que é que achas? Ela está no hospital! Desmaiou de repente. O médico disse que foi por causa do stress e da má nutrição. Felizmente, o Lucas estava lá para a trazer para aqui."
"Ele estava com ela?", perguntei, embora já soubesse a resposta.
"Claro que estava! Quem mais a ajudaria? Tu estavas ocupada com o casamento da tua amiga. A tua irmã podia ter morrido, e tu nem te importaste!"
A acusação dela foi direta.
"Catarina, a Lara é a tua irmã mais nova. Ela é frágil. Tu és a mais velha, devias cuidar dela. O Lucas fez o que era certo. Ele é um bom cunhado."
Um bom cunhado. Não um bom marido.
"Mãe, vamos divorciar-nos."
As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse detê-las.
Houve um silêncio chocado do outro lado da linha, seguido por um grito agudo.
"Divórcio? Ficaste maluca? Divorciar-te do Lucas por causa disto? Ele só estava a ajudar a tua irmã! És tão egoísta! Não tens coração?"
"Ele é meu marido, mãe."
"E a Lara é tua irmã! O sangue não é mais espesso que a água? O Lucas fez a escolha certa. Tu é que devias ter vergonha de ti mesma por sequer pensares numa coisa dessas!"
Ela desligou o telefone na minha cara.
Olhei para o ecrã escuro, sentindo-me completamente vazia.
O meu telemóvel vibrou. Era outra mensagem. Desta vez, da Lara.
Era uma selfie dela e do Lucas no quarto do hospital. Ele estava a dar-lhe sopa à boca. O sorriso dela era vitorioso.
A legenda dizia: "Obrigada por emprestares-me o teu marido, mana. Ele cuida tão bem de mim."