O Casamento Desfeito no Altar
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Capítulo 4

Naquela tarde, a Eva apareceu no meu escritório.

Ela trouxe-me o meu prato favorito do nosso restaurante de almoço habitual.

"Pensei que poderias precisar disto", disse ela, colocando o recipiente na minha secretária.

"Obrigada, Eva. Desculpa por ontem..."

"Não peças desculpa. Eu devia ter-te arrastado para fora daquela festa eu mesma. Como estás?"

Contei-lhe tudo. A conversa com o Lucas, as chamadas com a minha mãe.

Ela ouviu pacientemente, o seu rosto a endurecer a cada palavra.

"A tua mãe é inacreditável", disse ela finalmente. "Ela sempre mimou a Lara e te tratou como se fosses a adulta responsável, mesmo quando eram crianças."

Era verdade. Desde pequena, eu era a "sensata", a "forte". A Lara era a "delicada", a "sensível". Eu tinha de ceder sempre, porque "a Lara precisa mais".

"E o Lucas", continuou a Eva, "ele usou isso contra ti. Ele encontrou a desculpa perfeita para o seu comportamento. 'A Lara é frágil'. Que monte de treta."

"Eu sinto-me tão estúpida, Eva. Como é que não vi isto antes?"

"Tu não és estúpida. Tu estavas apaixonada. E querias acreditar no melhor das pessoas que amas, especialmente da tua própria irmã."

Ela tinha razão. Eu tinha ignorado tantos sinais. As chamadas noturnas do Lucas para "consolar" a Lara por causa de algum problema menor. As vezes em que ele cancelava os nossos planos para a ajudar com algo que ela podia facilmente fazer sozinha. A forma como os olhos dela o seguiam sempre que ele estava na sala.

Eu tinha escolhido não ver.

"O que vais fazer agora?", perguntou a Eva.

"Eu disse-lhe que quero o divórcio. Contratei o melhor advogado da firma, o Sr. Alves."

"Bom. Não voltes atrás, Catarina. Tu mereces muito mais do que isto."

"Eu sei. Mas dói."

"Claro que dói. Mas vai doer mais se continuares nesta mentira."

O telemóvel dela tocou. Era o seu novo marido, o Pedro. O rosto dela iluminou-se quando atendeu.

"Olá, amor... Sim, estou com a Catarina... Claro, digo-lhe olá."

Ela desligou, a sorrir. "O Pedro manda dizer olá e que se precisares de um lugar para esmurrar um saco de boxe, o ginásio dele está aberto para ti."

Eu sorri pela primeira vez naquele dia. Um sorriso genuíno.

"Obrigada, Eva. Por tudo."

"É para isso que servem as melhores amigas. Agora, come. Precisas de forças para a batalha que aí vem."

Enquanto comia, tomei uma decisão. Eu não ia deixar que eles me destruíssem. Eu não ia ser a vítima na história deles.

Ia lutar. Por mim mesma.

                         

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