Minha filha, Bia, estava em estado terminal no hospital.
Os médicos disseram que não havia mais nada a fazer; iriam desligar as máquinas.
Liguei para o Pedro, meu marido, implorando para que viesse e me apoiasse neste momento de desespero.
Ele recusou, argumentando que precisava cuidar do nosso filho Léo, que "tinha febre" .
Sua voz era fria, irritada, e a da minha sogra, Dona Elvira, ao fundo, ainda mais cortante.
"Você não consegue resolver isso sozinha, Sofia?"
Enquanto eu presenciava a última respiração de Bia, assistida apenas pelos médicos e pela minha própria dor, meu marido e minha sogra me abandonaram.
"A Bia já se foi. O Léo ainda precisa de um pai" , disse ele, antes de desligar na minha cara.
Voltei para casa para enfrentar um Pedro apático, que só conseguiu dizer "Ok" diante da morte da nossa filha.
Minha sogra, Dona Elvira, lançou-me um olhar de desprezo e disse que Bia "só queria atenção" .
Eles não só me deixaram sozinha na minha maior dor, como manipularam nosso filho Léo com mentiras sobre mim.
Como eu podia estar casada com um homem que escolheu uma "febre ligeira" em vez do último adeus à nossa filha?
Ele fugiu da dor, da responsabilidade, de mim.
Acusaram-me de ser egoísta, histérica, e tentaram tirar-me Léo, alegando que eu era um perigo para ele.
Mas a verdade estava prestes a ser revelada.
Não era apenas cobardia; era traição descarada.
Eu não podia mais viver naquela mentira.
Agora, eu lutaria.
Lutaria pela verdade de Bia, por Léo e pela minha própria sanidade.