Rejeitada Pela Família, Encontrada Pelo Magnata
img img Rejeitada Pela Família, Encontrada Pelo Magnata img Capítulo 1
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Capítulo 1

Quando o meu chefe me ligou, eu estava no meio do funeral da minha mãe.

A chuva caía sem parar lá fora, batendo contra as janelas da capela, um som monótono e deprimente.

Eu tinha acabado de perder o emprego.

"Lia, eu sei que este é um momento difícil," disse ele, a sua voz sem qualquer simpatia, "mas a empresa não pode esperar. Precisamos de alguém que esteja totalmente focado, e tu, obviamente, não estás."

Eu não respondi, apenas segurei o telemóvel com força, olhando para o caixão de madeira simples à minha frente.

A minha mãe estava lá dentro, quieta e fria.

E eu estava sozinha.

Foi nesse momento que decidi vender a casa. A casa que ela me deixou, a única coisa de valor que tínhamos.

O meu telemóvel tocou novamente. Era o Pedro, o meu namorado. Ou melhor, ex-namorado.

A voz dele soou distante e irritada quando atendi.

"Lia, para de me ligar. Eu já te disse que acabou."

"Eu não te liguei," respondi, a minha voz rouca.

"Não mintas. Recebi cinco chamadas perdidas tuas. A sério, tens de seguir em frente. Eu estou com a Eva agora, ela precisa de mim."

"A tua mãe acabou de falecer, eu entendo que estejas triste," a voz suave da Eva surgiu ao fundo, "mas o Pedro não te pode ajudar. Ele está a construir uma nova vida comigo."

Eva. A minha prima. A filha da irmã da minha mãe. A menina doce e frágil que a minha mãe sempre me pedia para cuidar.

Sorri, mas não havia humor no meu sorriso.

"Pedro," eu disse, a minha voz surpreendentemente calma, "eu só quero que saibas de uma coisa."

Ele ficou em silêncio, provavelmente à espera de mais um apelo desesperado.

"A casa da minha mãe. Eu vou vendê-la."

Houve uma pausa do outro lado da linha, mais longa desta vez. Depois, a fúria dele explodiu.

"O quê? Tu não podes fazer isso! Essa casa também pertence à minha família! A tua mãe prometeu à minha mãe que a Eva podia ficar lá sempre que precisasse!"

"A minha mãe está morta," eu disse simplesmente. "As promessas dela morreram com ela."

"Tu és inacreditável, Lia! Tão egoísta! A Eva não tem para onde ir! Tu sabes como a vida dela é difícil, a mãe dela maltrata-a!"

A vida dela é difícil? E a minha? A minha mãe acabou de morrer, perdi o meu emprego, e o homem que eu amava deixou-me pela minha prima. Mas claro, a vida da Eva é que é a tragédia.

"Isso já não é problema meu," eu disse, e a minha voz não tremeu.

"Tu vais arrepender-te disto! Achas que alguém vai querer uma pessoa fria e sem coração como tu? Vais acabar sozinha, tal como a tua mãe!"

Ele desligou na minha cara.

O telemóvel caiu da minha mão, mas não fez barulho no tapete grosso da capela.

Olhei para o caixão. Sozinha, como a minha mãe. Talvez ele tivesse razão. A minha mãe dedicou a vida inteira a cuidar da irmã e da sobrinha, e no final, morreu sozinha num hospital frio.

Mas eu não ia ser como ela. Eu não ia sacrificar a minha felicidade pelos outros.

A casa era a minha única saída. O meu recomeço.

E eu não ia deixar que ninguém mo tirasse. Nem o Pedro, nem a Eva.

            
            

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