Pela Minha Filha, Contra o Mundo
img img Pela Minha Filha, Contra o Mundo img Capítulo 2
3
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img

Capítulo 2

A cara do Léo ficou pálida. "Não sejas ridícula, Clara. Estás magoada e chateada. Não estás a pensar com clareza."

"Pelo contrário," respondi, a minha voz surpreendentemente firme. "Nunca pensei com tanta clareza em toda a minha vida."

A Dona Elvira bufou, cruzando os braços. "Divórcio? Por causa de um pequeno acidente? Deixas de ser dramática. Pensa na tua filha. Queres que a Ana cresça numa família desfeita?"

A menção da Ana fez o meu coração doer, mas também fortaleceu a minha resolução.

"Eu estou a pensar nela. Não quero que ela cresça a pensar que é normal um pai pôr a sua ex-namorada à frente da sua família."

"Isso não é justo!" protestou o Léo. "Eu nunca a pus à vossa frente!"

"Não? Então onde estavas tu na noite passada antes do acidente, Léo? Estavas com ela, não estavas?"

O silêncio dele foi ensurdecedor.

"Ela ligou-me, estava desesperada," admitiu ele finalmente, em voz baixa. "Eu só fui encontrá-la para conversar, para a acalmar. Quando saí, ela deve ter-me seguido. Eu não sabia que ela estava bêbada ao volante."

A desculpa era tão fraca, tão patética.

"Então, para que fique claro," disse eu, sentando-me na cama, ignorando a dor aguda nas minhas costelas. "A tua ex-namorada, que tu foste 'consolar', seguiu-te, bateu no nosso carro com a nossa filha lá dentro, e eu é que sou a culpada por querer o divórcio?"

"Ninguém disse que tu és a culpada!" A Dona Elvira interveio. "Mas o casamento requer perdão, compreensão. A Inês precisa da nossa ajuda, não do nosso julgamento."

Eu olhei para ela, incrédula. "A vossa ajuda? Ela é uma criminosa. Ela pôs a minha filha em perigo."

"Ela vai pagar pelo seu erro," disse o Léo, a sua voz suplicante. "Eu prometo. Mas não destruas a nossa família por causa disto."

"A nossa família já estava destruída, Léo. Eu é que me recusava a ver."

Peguei no meu telemóvel e disquei o número de um advogado que um amigo me tinha recomendado há muito tempo, para uma questão de trabalho.

O Léo e a sua mãe olharam para mim, chocados, enquanto eu falava calmamente ao telefone, marcando uma consulta.

Quando desliguei, o Léo agarrou no meu braço. A sua força surpreendeu-me.

"Clara, por favor. Não faças isto."

"Larga-me," disse eu, a minha voz fria como gelo.

A sua mãe puxou-o para trás. "Deixa-a, Léo. Ela está a ser teimosa. Quando sair do hospital e vir a realidade, ela vai voltar a rastejar. Ela não tem nada sem ti."

As suas palavras foram cruéis, mas acenderam um fogo dentro de mim.

Eu ia provar que ela estava errada.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022