Pela Minha Filha, Contra o Mundo
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Capítulo 4

Ficar no apartamento da Sofia foi ao mesmo tempo um alívio e um tormento. Alívio por estar longe da toxicidade da família do Léo, e tormento por cada segundo que passava longe da Ana.

"Eles não podem fazer isto, Clara," disse a Sofia, furiosa, enquanto me entregava uma chávena de chá. "É sequestro parental."

"O meu advogado disse que, como ainda estamos casados e não há uma ordem de custódia, a situação é complicada. Eles podem argumentar que estão a agir no melhor interesse da criança."

"No melhor interesse da criança? Eles estão a proteger a mulher que quase a matou!"

O meu advogado, Dr. Almeida, era calmo e metódico. Ele aconselhou-me a não fazer nada precipitado.

"Precisamos de construir um caso sólido, Sra. Matos. Documente tudo. Todas as chamadas, todas as mensagens, todas as tentativas de ver a sua filha que forem negadas."

E foi isso que eu fiz. Liguei todos os dias para falar com a Ana. Às vezes, o Léo atendia e deixava-me falar com ela por alguns minutos. As conversas eram curtas e tensas, com a voz da Dona Elvira ao fundo, a dizer à Ana que era hora de desligar.

Outras vezes, ninguém atendia.

Tentei ir à casa deles duas vezes. Na primeira vez, o Léo disse que a Ana estava a dormir a sesta. Na segunda, a Dona Elvira disse que eles tinham saído. Eram desculpas esfarrapadas, e nós ambos sabíamos disso.

Entretanto, as notícias sobre a Inês começaram a surgir. Ela tinha sido libertada sob fiança. Uma fiança surpreendentemente baixa.

"Como é que isto é possível?" perguntei ao Dr. Almeida ao telefone.

"A família dela é influente. E parece que o seu marido pode ter ajudado."

"O Léo?"

"Alguém pagou a fiança, Sra. Matos. E o advogado dela está a argumentar que foi um 'incidente isolado' causado por 'sofrimento emocional extremo'. Estão a tentar reduzir a acusação de condução perigosa para algo menor."

A raiva queimou-me por dentro. Ele não estava apenas a proteger a sua ex-namorada, estava a trabalhar ativamente para garantir que ela não enfrentasse as consequências.

"O que podemos fazer?"

"A sua queixa como vítima é crucial. Não a retire, aconteça o que acontecer. E precisamos de acelerar o processo de divórcio e de custódia. Precisamos de provar ao tribunal que o ambiente na casa do seu marido não é seguro para a sua filha."

O meu foco tornou-se cristalino. Já não se tratava apenas do meu coração partido. Tratava-se da segurança da minha filha.

Naquela noite, recebi uma mensagem de um número desconhecido.

"Se retirares a queixa, o Léo deixa-te ver a Ana."

Não havia assinatura, mas eu sabia exatamente quem a tinha enviado.

Inês.

Ela estava a usar a minha filha como moeda de troca. E o Léo era cúmplice.

                         

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