Capítulo 4 A comemoração

O que ele tava fazendo lá? Porque sumiu ? Tinha tanta pergunta, e ao mesmo tempo, não queria ouvir nada. Ficamos parados um tempo, só nos olhando, eu com um olhar de dúvida do porquê ele estar ali e ele me encarando como se tentasse ler minha mente. Depois que minha cabeça voltou pro lugar, reparei o quanto ele estava lindo. Uma calça preta, com camiseta branca e uma jaqueta de couro preta, a tatuagem de asas no pescoço dele contribuía pra um ar de poder, e aqueles olhos me encarando aumentava esse poder.

- Precisei trocar de celular - disse sem tirar os olhos dos meus - Pensei de a gente comemorar hoje, pela hora parece ter sido um sucesso a inauguração - ele se aproximou enquanto falava e eu estremeci sem consegui dizer uma palavra sequer. Com o mindinho, afastou meu cabelo que cobria parte do meu rosto, o levando pra trás da orelha enquanto eu sentia sua respiração.

- Vamos ? Você não vai se arrepender - sussurrou no meu ouvido. Eu nem pensei em dizer não, assenti com a cabeça e ele me levou até o carro segurando minha mão. Abriu a porta e eu entrei, fiquei olhando ele dar a volta. Não sei o que aconteceu, mas ter ele ali era bom.

Seguimos em silêncio, até chegar em um hotel enorme e luxuoso. Os funcionários pareciam conhecê-lo, como se frequentasse sempre. Chegando no quarto, fiquei boquiaberta, era gigante, com uma decoração maravilhosa, misturando móveis rústicos e sofisticados e era possível ver boa parte da cidade lá de cima, aquela vista me encantou, me fazendo ficar alguns minutos só admirando. Me virei, voltando pra realidade e ele desligava o telefone do quarto.

- Pedi uma coisa pra gente comer - eu não conseguia entender ele ter me levado lá depois de ter sumido por tanto tempo, acho que ele percebeu isso, e o clima pesou, der repente tudo ficou silencioso e não existia uma brecha pra mudar aquilo. Me sentei no sofá e ele se aproximou, sentando na mesa de centro, ficando de frente pra mim.

- Pode perguntar - disse em um tom sério, porém com um pequeno sorriso - Não vou evitar nenhuma pergunta, prometo responder todas - eu fiquei surpresa, considerando que não sabia nada sobre ele, e pela primeira vez ele parecia querer mudar isso.

- O que aconteceu? - perguntei tão baixo, que não sabia se ele tinha conseguido ouvir.

- Tive uns problemas no trabalho, e acabei perdendo o celular. Devia ter salvo seu número numa agenda - ele riu, fazendo com que eu desse risada também.

- E tá tudo bem? - perguntei, agora olhando pra ele e não pro chão.

- Ficou tudo bem, mas espero que você faça ficar melhor - não é surpresa que eu provavelmente tenha ficado com as bochechas vermelhas.

- Pensei que não quisesse me ver mais, pensei que tinha me bloqueado... - conforme eu falava, o volume da minha voz ia diminuindo quando eu me dava conta do que estava dizendo. Pelo menos não contei que fui no barzinho atrás dele, ou que senti saudade, dos males o menor.

- Eu jamais faria isso - a forma como ele falou me passou sinceridade - Eu tentei mesmo lembrar seu número mas não tenho boa memória, e quando fiquei sabendo da inauguração pensei que finalmente encontraria você. - Que bom que deu certo, disse em pensamento enquanto mostrava um sorriso tímido pra ele.

Bateram na porta

- Nossa refeição chegou - ele disse se levantando e caminhando até a porta, abrindo-a. Realmente era nossa refeição, que veio acompanhada de um champanhe e um vinho tinto. Naquela noite comeríamos espaguete ao molho branco com brócolis, cenoura ralada e tiras de carne acompanhado de vinho. Eu não sei fazer combinações de pratos e bebidas, mas DG parecia ser bom nisso. Depois que comi, constatei que ele de fato é bom nisso. Não só nisso, claro.

- Pensei muito em você nesses dias - ele disse me encarando enquanto eu dava o último gole do vinho, deixando minha taça vazia. - Tem muitas coisas que quero fazer com você, algumas delas ainda hoje, nesse quarto. - A forma como ele me olhava parecia querer me devorar bem ali, isso era excitante e ao mesmo tempo um pouco assustador. DG despertava muitas sensações diferentes em mim, e eu não conseguia explicar quais exatamente e nem o porquê. Tinha algo nele que me atraía, senti isso desde o primeiro momento que nos vimos e só tinha aumentado até então.

- Temos mais de uma coisa pra comemorar hoje então - eu disse buscando a garrafa de champanhe. De onde tirei coragem pra isso eu não faço ideia. Fiquei parada em sua frente segurando a garrafa e foi aí, nesse exato momento que todo o desejo que tínhamos um pelo outro explodiu.