Cozinheira Traída: Renascimento Ardente
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Capítulo 4

O dia do Concurso Culinário Nacional chegou. O auditório estava lotado, a energia elétrica pulsando no ar. Câmeras de TV por toda parte, jornalistas correndo, jurados com rostos sérios e impassíveis. Era o maior palco da gastronomia do país, o lugar onde sonhos eram feitos ou destruídos. Na minha vida passada, eu estaria nos bastidores, roendo as unhas, meu estômago um nó de ansiedade por Pedro.

Hoje, eu estava sentada na plateia, em um lugar privilegiado que comprei com meu próprio dinheiro. Estava usando um vestido elegante, meu cabelo estava arrumado, e em meu rosto havia um sorriso sereno. Eu não era uma chef nervosa. Eu era uma espectadora.

Meus olhos varreram a multidão e pararam em um rosto específico. Uma garota jovem, com olhos fanáticos, usando uma camiseta com o rosto de Pedro estampado. Era ela. A garota que me esfaqueou. Senti um gelo percorrer minha espinha, uma memória fantasma da dor. Mas a sensação passou rápido, substituída por uma determinação fria. Desta vez, ela não chegaria perto de mim.

Nos bastidores, vi Pedro e sua equipe se preparando. Isabela estava ao lado dele, ajeitando sua dólmã, sussurrando em seu ouvido. Ela agia como a namorada solidária, a musa inspiradora. Quando seus olhos encontraram os meus na plateia, ela me lançou um sorriso de puro triunfo, como se dissesse "Eu venci. Ele é meu".

Eu apenas inclinei a cabeça, um gesto sutil de reconhecimento. O jogo dela era amador. O meu estava apenas começando.

De repente, Pedro estava na minha frente, seu rosto pálido e suado. Ele havia pulado a barreira que separava os competidores do público.

"Lívia, você tem que me ajudar", ele sussurrou, desesperado. "Eu não estou me sentindo bem. Minhas mãos estão tremendo. É o que você disse, não é? O tempero."

A realidade finalmente o havia atingido.

"Sim, Pedro. É o tempero", respondi calmamente.

"Faça alguma coisa! Você conhece os organizadores, fale com eles! Diga que estou doente, invente uma desculpa! Você precisa me tirar daqui!"

A ironia era inacreditável. O homem que me acusou de tentar sabotá-lo agora me implorava para salvá-lo de sua própria estupidez.

"Não", eu disse, olhando diretamente em seus olhos. "Eu não vou fazer nada. Este é o seu momento, Pedro. Vá e brilhe."

"Você é um monstro", ele sibilou, antes que a segurança o levasse de volta para os bastidores.

A competição começou. A equipe de Pedro foi chamada ao palco. Ele tentou disfarçar, mas eu podia ver. Seus movimentos eram lentos, seus olhos tinham um brilho febril. Ele quase derrubou uma panela. Tiago e Carla, seus leais assistentes, trocavam olhares preocupados. Apesar de tudo, eles conseguiram montar o prato. Parecia impecável, uma obra de arte. O público aplaudiu.

Após a apresentação, enquanto os jurados deliberavam, a equipe deu uma entrevista rápida para uma repórter de TV. E então, o impensável aconteceu. Tiago pegou o microfone.

"Gostaríamos de aproveitar esta oportunidade para anunciar que, independentemente do resultado de hoje, esta foi nossa última competição com Lívia como nossa chef principal", ele declarou, olhando diretamente para a câmera. "Ela se tornou um fardo para a equipe. Sua negatividade e sua falta de confiança em nosso líder, Pedro, estavam nos segurando. Precisamos de um novo começo, com alguém que nos apoie de verdade."

Carla assentiu vigorosamente ao seu lado. O público ofegou. Os jornalistas se viraram para mim, câmeras piscando. Eles me encontraram. A "chef malvada". A mentora traída por seus próprios pupilos, em rede nacional.

Na minha vida passada, eu teria chorado, fugido. Desta vez, eu mantive meu sorriso sereno, encarei as câmeras e dei uma piscadela sutil. O show estava prestes a ficar muito mais interessante.

                         

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