A Mensagem Que Mudou Tudo
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Capítulo 2

"Mãe, por favor, é só uma lembrança", eu implorei, estendendo a mão para pegar a caixa de música de volta. A pequena melodia que ela tocava era a trilha sonora da minha adolescência com Leo. Era tudo que me restava dele.

A fúria nos olhos da minha mãe era algo que eu nunca tinha visto antes. Era desproporcional, quase selvagem.

"Lembrança de um covarde! Um homem que te deixou no altar! Você vai se casar com um homem de verdade amanhã, e eu não vou deixar as memórias desse... desse verme estragarem tudo!"

Com um grito de raiva, ela ergueu a caixa de música acima da cabeça, pronta para atirá-la contra a parede.

"NÃO!"

Meu grito a fez parar. Por um instante, o tempo pareceu congelar. A mão dela ficou suspensa no ar, e sua respiração saiu em arfadas pesadas. Então, tão rápido quanto veio, a fúria se dissipou. Ela baixou o braço lentamente, sua expressão suavizando para uma preocupação quase teatral.

"Oh, meu bem, me desculpe", disse ela, a voz agora melosa e controlada. "Eu só... eu só quero o seu bem. Quero que você seja feliz. Essa coisa só te traz dor."

Ela colocou a caixa de música de volta na minha mão, seus dedos roçando os meus. O toque dela era frio, estranhamente úmido. Foi então que eu vi.

Não foi um flash, não foi uma ilusão. Eu vi com clareza.

A pele na bochecha dela, logo abaixo do olho direito, pareceu... escorrer. Como cera de vela derretendo. Por uma fração de segundo, a estrutura óssea por baixo pareceu se deslocar, o contorno do seu rosto se distorcendo de uma forma que não era humana. A feição dela mudou, como se uma máscara estivesse deslizando.

Pisquei, meu coração martelando contra minhas costelas. A imagem se foi. Agora, era apenas o rosto familiar da minha mãe, me olhando com uma expressão de falsa ternura. Mas eu tinha visto. Eu não estava louca.

Um calafrio percorreu minha espinha, um terror puro e gelado que não tinha nada a ver com a raiva dela ou a mensagem de Leo.

Isto não era a minha mãe.

O pensamento era tão absurdo, tão insano, que minha mente tentou rejeitá-lo. Estresse pré-casamento. Trauma. Eu estava imaginando coisas.

"Você tem razão, mãe", eu disse, minha voz um fio trêmulo que eu mal reconheci. "Acho que estou um pouco nervosa."

Eu precisava sair dali. Precisava pensar. Precisava encontrar meu pai. Ele sempre foi o mais calmo, o mais racional. Ele saberia o que fazer.

"Vou... vou procurar o papai. Acho que preciso de um pouco de ar."

A mulher na minha frente sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos.

"Claro, querida. Ele está no escritório. Mas não demore. Temos que acertar os últimos detalhes com a cerimonialista."

A voz dela era um comando disfarçado de sugestão. Ela estava me observando, cada movimento meu.

Com as pernas bambas, me forcei a caminhar para fora do quarto. Agarrei a caixa de música com força, o objeto de madeira agora um pedaço de realidade num mundo que de repente parecia estar se desfazendo.

Consegui manter a compostura até virar o corredor. Então, me apoiei na parede, ofegante, o suor frio escorrendo pela minha testa.

A mensagem de Leo. O rosto da minha mãe derretendo. "Não se case amanhã."

Não era um aviso sobre o casamento. Era um aviso sobre eles.

            
            

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