A Mensagem Que Mudou Tudo
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Capítulo 4

O carro se movia pelas ruas da cidade, um casulo silencioso de terror. A mulher que usava o rosto da minha mãe dirigia, enquanto o homem-pai sentava ao meu lado, o aperto em meu braço nunca afrouxando. Eu olhava pela janela, as luzes da cidade borrando-se através das minhas lágrimas de pânico. Cada carro que passava, cada pessoa na calçada, era uma chance de salvação que eu não conseguia alcançar.

O local do casamento era um salão de festas elegante nos arredores da cidade. Ao nos aproximarmos, vi as luzes e a movimentação na entrada. Eles iam me levar para lá, me forçar a passar por aquela cerimônia. Por quê? Qual era o objetivo de tudo aquilo?

De repente, meu coração deu um salto. Parado perto da entrada, conversando com um dos manobristas, estava Lucas.

Lucas. O melhor amigo de Leo.

Ele era como um irmão para Leo, e para mim também. Depois do desaparecimento, ele foi o único que pareceu entender a minha dor, o único que não me julgou por me recusar a acreditar que Leo tinha simplesmente fugido. Ver seu rosto familiar no meio daquele pesadelo foi como ver um farol em meio a uma tempestade.

"Lucas!"

Meu grito foi abafado pela mão do falso pai, que a pressionou contra minha boca.

"Fique quieta", ele sibilou no meu ouvido.

Mas era tarde demais. Lucas ouviu. Ele se virou, e seus olhos encontraram os meus através do vidro do carro. Vi a confusão em seu rosto, depois a preocupação.

O carro parou na entrada. A falsa mãe lançou um olhar mortal para mim.

"Comporte-se, Sofia. Não faça uma cena."

Eles me tiraram do carro, um de cada lado, sorrindo para as pessoas ao redor como se fossem os pais orgulhosos da noiva.

"Sofia! O que está acontecendo? Você está bem?"

Lucas se aproximou, o rosto vincado de preocupação. Ele olhou para os meus "pais", depois para os meus olhos, que imploravam por ajuda.

"Ela só está um pouco nervosa, Lucas. Coisas de noiva", disse a falsa mãe com uma risada forçada.

Mas Lucas não comprou a desculpa. Ele viu o terror nos meus olhos. Ele viu como os dedos do falso pai se cravavam no meu braço.

"Eu preciso falar com a Sofia. Sozinho", ele disse, a voz firme.

O falso pai hesitou, seus olhos se estreitando. Por um instante, vi a mesma distorção que vi no rosto da falsa mãe, uma ondulação bizarra na pele da testa dele. Lucas também viu. Seu queixo se contraiu. Ele sabia que algo estava muito, muito errado.

Aproveitei a hesitação deles. Com um movimento brusco, eu sussurrei, a voz desesperada.

"Eles não são meus pais, Lucas. Me ajuda."

A reação de Lucas foi imediata. Ele não questionou, não duvidou. Ele agiu.

"Sabe, Sofia, você esqueceu seu presente no meu carro. Vamos lá buscar", ele disse em voz alta, pegando minha outra mão. "É rapidinho, prometo."

Ele me puxou com firmeza, e por um segundo, os impostores ficaram sem reação, pegos de surpresa pela intervenção dele. Esse segundo foi o suficiente. Lucas me arrastou para longe deles, em direção ao estacionamento.

"O que estamos fazendo?" gritei baixinho, enquanto corríamos entre os carros.

"Saindo daqui. A entrada dos fundos do salão dá para um shopping. Vamos por lá."

Corremos como se nossas vidas dependessem disso, e talvez dependessem. Olhei para trás e vi os dois impostores nos seguindo, seus rostos agora contorcidos em máscaras de fúria pura.

Lucas nos guiou por uma porta de serviço, por um corredor escuro e, finalmente, para dentro da praça de alimentação de um shopping quase vazio. O som de nossas respirações ofegantes ecoava no espaço silencioso.

"Estamos seguros por agora", disse ele, nos guiando para um canto mais escuro, atrás de uma pilastra. "Sofia, o que diabos está acontecendo? Quem são aquelas pessoas?"

Antes que eu pudesse responder, senti meu celular vibrar no bolso do vestido. Eu o tinha pegado do armário e escondido antes que eles me arrastassem para o carro. Minhas mãos tremiam enquanto eu o tirava.

Era outra mensagem. Do mesmo número.

Meu coração afundou quando li o texto.

"Não confie no Lucas."

Levantei os olhos do celular, o sangue gelando nas minhas veias. Encarei o rosto de Lucas, o rosto do meu amigo, do homem que acabara de me salvar. Ele me olhava com preocupação, mas agora, sob a luz fraca da praça de alimentação, eu vi algo mais.

"Sofia? O que foi? Outra mensagem?"

Ele deu um passo em minha direção. E então, aconteceu.

A mesma coisa que aconteceu com a minha mãe.

A pele do rosto dele começou a ondular, a derreter. A bochecha esquerda pareceu afundar, o olho se deslocando para o lado. A forma do seu crânio pareceu mudar sob a pele. A transformação era grotesca, irreal.

O rosto que me olhava não era o de Lucas. Era uma máscara malfeita, se desfazendo diante dos meus olhos para revelar o horror por baixo.

Soltei um grito de puro terror e recuei, batendo as costas contra a pilastra. O homem que usava o rosto de Lucas sorriu, um sorriso que esticou sua pele derretida de forma grotesca.

"Parece que o jogo acabou, Sofia."

                         

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