Pacto de Sangue, Preço da Honra
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Capítulo 4

"Eu não roubei... mamãe, eu não roubei nada..."

O choro de Sofia era baixo e contínuo, um lamento que me partia a alma. Ela olhava para a bagunça de seu material escolar espalhado no chão, como se as peças da sua infância tivessem sido quebradas.

João se agachou na frente dela. Seu rosto grande e zangado estava a poucos centímetros do dela.

"Confessa", ele disse, a voz baixa e ameaçadora.

Ele esticou a mão e apertou a bochecha dela com força, entre o polegar e o indicador.

"Confessa, sua praga. Diz que foi você."

Sofia choramingou de dor, tentando virar o rosto.

"Para... tá doendo..."

"Vai doer mais se você não falar a verdade."

Eu assistia a tudo, ainda presa pelo aperto de Ana. Cada segundo daquela tortura era uma eternidade. A minha impotência era um veneno correndo nas minhas veias. Era como estar presa em um pesadelo, gritando sem som, tentando correr sem sair do lugar.

Uma única e terrível certeza se formou na minha mente: a culpa era minha.

Eu a trouxe para este lugar. Eu a expus a este monstro. Meu desejo de ser uma boa mãe, de ensinar uma lição de moral, tinha se transformado nesta cena de horror. A dignidade da minha filha estava sendo destruída, e a arma do crime era a minha própria retidão. Eu deveria tê-la protegido. Deveria ter jogado a maldita borracha no lixo e esquecido o assunto. A honestidade que eu tanto prezava não valia uma única lágrima dela.

"Confessa pra sua mãe ouvir!", João insistiu, sacudindo o rosto dela. "Diz pra ela que você não é a santinha que ela pensa!"

Ele olhou para mim por cima do ombro, um sorriso cruel nos lábios.

"Vamos, garota. É só falar. Diz 'fui eu que roubei'. Diz, e eu te solto."

Era uma armadilha. Uma tortura psicológica. Ele queria quebrar o espírito dela, forçá-la a admitir uma culpa que não era sua, para validar a extorsão dele. Ele precisava da confissão dela para justificar a sua violência.

Sofia olhou para mim, os olhos suplicantes, cheios de medo e confusão. Ela não entendia o que estava acontecendo. Só sentia dor e medo.

Naquele olhar, eu vi o meu fracasso como mãe. Minha filha estava sendo torturada, e eu não podia fazer nada para impedir.

                         

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