Foi então que os primeiros celulares começaram a apitar. Um, depois dois, depois uma cascata de notificações por todo o salão. As pessoas pegaram seus telefones, e um silêncio estranho começou a se espalhar.
Vi o momento exato em que a primeira pessoa viu minha mensagem. Seus olhos se arregalaram, depois se moveram do celular para Ana, e de volta para o celular. Um sussurro começou, espalhando-se como fogo.
"É ela?"
"Olha a foto... é o mesmo dinheiro."
"Pais adotivos? Ela disse que era a família dela."
O rosto de Ana congelou. A cor sumiu de suas bochechas. Ela olhou ao redor, confusa com a mudança repentina de atmosfera. Um dos garotos que estava ao seu lado mostrou a tela do celular para ela.
Vi o pânico tomar conta de seus olhos. O sorriso dela vacilou e desapareceu.
"Isso... isso é uma mentira! É uma montagem!" ela gaguejou, sua voz de repente aguda e estridente. "Alguém está tentando me prejudicar!"
A desculpa era tão fraca, tão desesperada, que só piorou as coisas. O print da transferência bancária, com o nome do meu pai e a descrição do propósito do dinheiro, era irrefutável.
A funcionária do caixa, que antes a olhava com um sorriso, agora a encarava com desconfiança. "Senhorita, o total é de trezentos e quarenta e dois reais. Vai pagar ou não?"
Ana ficou paralisada, o maço de dinheiro ainda na mão, agora parecendo uma prova de sua farsa. O dinheiro que deveria comprar sua popularidade se tornou o símbolo de sua humilhação.
Foi a minha deixa.
Aproximei-me calmamente, um olhar de preocupação fingida no rosto.
"Ana, o que aconteceu?" perguntei, minha voz suave o suficiente para que apenas as pessoas mais próximas ouvissem. "Você está bem?"
Ela se virou para mim, os olhos cheios de fúria e desespero. Ela sabia que eu era a responsável.
"Sofia... me ajude," ela sussurrou, a voz trêmula.
Eu me virei para o grupo. "Pessoal, acho que houve um mal-entendido," eu disse, projetando minha voz para que todos pudessem ouvir. "Minha irmã, Ana, foi adotada por meus pais há alguns anos. Ela veio de uma situação muito difícil."
Fiz uma pausa, deixando a informação ser absorvida. Os olhares de desprezo se transformaram em uma mistura de pena e curiosidade.
"Às vezes, ela se empolga um pouco querendo fazer amigos," continuei, pegando gentilmente a carteira da mão dela. "Ela só queria que todos gostassem dela. Eu pago a conta. Ana, por que você não vai pegar uma mesa pra gente?"
Paguei a conta com meu próprio cartão, um cartão de crédito sem limites que meus pais me deram. O gesto foi rápido, discreto, mas poderoso. Eu não estava me exibindo, estava resolvendo um problema. Estava sendo a adulta na sala.
Os estudantes que antes a aclamavam agora olhavam para ela com pena e um pouco de nojo. A garota rica e generosa era, na verdade, uma coitada desesperada por atenção, usando o dinheiro de sua família adotiva para comprar amigos. E eu? Eu era a irmã compreensiva e verdadeiramente rica, que a salvou da vergonha.
Num único movimento, eu destruí a base de seu poder e estabeleci a minha.
Ana me lançou um olhar que prometia morte, antes de se virar e sair correndo da cafeteria, completamente humilhada.
Os outros estudantes vieram até mim.
"Nossa, Sofia, você é incrível."
"Sua irmã tem sorte de ter você."
"Desculpe por termos acreditado nela."
Eu sorri para eles, um sorriso gracioso e tranquilizador. "Não se preocupem. Família é complicado."
Enquanto eles se afastavam, peguei meu celular novamente. A humilhação pública era apenas o começo. Eu precisava de mais. Precisava de provas concretas, de algo que pudesse usar para proteger meus pais.
Abri o navegador e digitei o nome de um investigador particular, o melhor da cidade. Um homem conhecido por desenterrar os segredos mais sombrios.
"Preciso de uma investigação completa sobre Ana da Silva," digitei na mensagem. "Passado, afiliações, qualquer coisa suspeita. O preço não é problema."
A vingança é um prato que se come frio, mas eu estava apenas começando a preparar o banquete. E a primeira entrada tinha sido deliciosa.