Um deles agarrou Ricardo por trás, prendendo seus braços em um aperto de ferro.
O outro avançou e desferiu um soco potente no estômago de Ricardo.
O ar saiu de seus pulmões em um silvo doloroso.
Ele se dobrou, mas o segurança atrás dele o manteve em pé.
Gustavo se recuperou, limpando um filete de sangue do canto da boca.
Seus olhos queimavam de fúria.
"Você... você se atreveu a me tocar?" ele sibilou, a voz distorcida pela raiva. "Você vai se arrepender disso pelo resto da sua vida miserável."
Ele fez um sinal para o segurança na frente de Ricardo.
"Acabem com ele."
O que se seguiu foi uma surra brutal e unilateral.
Socos choveram sobre o rosto e o corpo de Ricardo.
Ele tentou lutar, mas estava imobilizado, um alvo fácil.
A dor era aguda, ofuscante.
Ele sentiu o lábio se partir, o gosto de sangue enchendo sua boca.
Uma dor lancinante explodiu em suas costelas.
Ele caiu de joelhos quando o segurança finalmente o soltou, ofegante e coberto de hematomas.
Mas a humilhação ainda não havia acabado.
A porta da casa se abriu e Juliana saiu, seguida por seus pais.
Ela viu Ricardo no chão, o rosto ensanguentado, e seu olhar não continha um pingo de compaixão.
Havia apenas frieza.
"O que aconteceu?" ela perguntou, a voz irritada.
Gustavo se aproximou dela, colocando um braço possessivo em volta de seus ombros.
"Seu ex-noivo maluco me atacou. Ele precisa aprender uma lição sobre respeito."
Juliana olhou para Ricardo com desprezo.
"Você é um idiota, Ricardo. Sempre foi."
Ela se virou e caminhou até um galpão de ferramentas próximo, voltando com um chicote de equitação fino e flexível, algo que seu pai usava em seus cavalos.
Ricardo olhou para o objeto nas mãos dela, incrédulo.
Ela não faria isso.
Ela fez.
"Talvez isso o ajude a lembrar seu lugar", disse ela, a voz gélida.
E então ela o golpeou.
O chicote estalou no ar e cortou as costas de Ricardo, rasgando sua camisa e sua pele.
A dor foi diferente de qualquer coisa que ele já sentiu, um ardor branco e quente que o fez gritar.
Ele tentou se arrastar para longe, mas um dos seguranças pisou em sua mão, prendendo-o no lugar.
Juliana o golpeou de novo, e de novo.
Cada golpe era uma punição por sua rebeldia, uma afirmação do poder dela sobre ele.
Foi Alberto, o pai de Juliana, quem finalmente a parou.
"Já chega, Juliana. Não queremos que ele morra. Pelo menos não ainda."
Ele se aproximou de Ricardo, que tremia de dor no chão.
Alberto o agarrou pelo cabelo, forçando-o a olhar para cima.
"Peça desculpas ao senhor Gustavo. Agora."
Ricardo cuspiu sangue e terra no chão. "Vá para o inferno."
O rosto de Alberto se contorceu de raiva. Ele deu um tapa no rosto de Ricardo, a cabeça dele estalando para o lado.
"Ingrato! Depois de tudo que fizemos por você! Nós o tiramos da sarjeta, demos um teto sobre sua cabeça, e é assim que você nos agradece? Atacando nossos convidados de honra?"
Ele se virou para Gustavo, a raiva substituída por um sorriso bajulador.
"Senhor Gustavo, por favor, perdoe este verme. Ele não sabe o que faz. Faremos com que ele entenda seu erro."
Naquele momento, vendo a forma como Alberto se curvava para Gustavo, como Juliana estava ao lado dele com o chicote na mão, Ricardo entendeu tudo.
Isso não era apenas sobre o caso de Juliana.
Era uma conspiração.
A família dela não estava apenas tentando encobrir um caso, eles estavam ativamente entregando Juliana a Gustavo.
Eles eram cúmplices, parceiros no plano de usá-lo como um bode expiatório.
A dor física era imensa, mas a dor daquela percepção era ainda pior.
Ele estava completamente sozinho, cercado por monstros.
Gustavo se aproximou, olhando para Ricardo com satisfação.
Ele pegou a mão de Juliana e a beijou, bem na frente de Ricardo.
"Não se preocupe, Alberto. Eu sou um homem compreensivo. Mas ele precisa ser disciplinado."
Ele olhou para Ricardo, o desprezo em seus olhos era absoluto.
"Você vai se casar com Juliana. Você vai sorrir para as câmeras. E você vai ficar quieto enquanto eu faço o que eu quiser com ela. Entendido?"
Ricardo não respondeu. Ele apenas encarou Gustavo, o ódio queimando em seus olhos por trás da dor e do inchaço.
Essa reação silenciosa pareceu irritar Alberto ainda mais.
Ele começou a chutar Ricardo, repetidamente, nas costelas, no estômago, em qualquer lugar que pudesse alcançar.
"Responda a ele! Responda!"
Cada chute roubava o fôlego de Ricardo, cada golpe o levava mais para perto da inconsciência.
Ele podia ouvir Sônia gritando em segundo plano, não para parar, mas para ter cuidado para não deixar marcas visíveis no rosto.
A imagem final que ele teve antes de sua visão escurecer foi a de Juliana, parada ao lado de Gustavo, observando seu pai torturá-lo com uma expressão de total indiferença.
Como se ele fosse um inseto sendo esmagado sob seus pés.