Vingança Silenciosa
img img Vingança Silenciosa img Capítulo 3
4
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
Capítulo 12 img
Capítulo 13 img
Capítulo 14 img
Capítulo 15 img
Capítulo 16 img
Capítulo 17 img
Capítulo 18 img
Capítulo 19 img
Capítulo 20 img
Capítulo 21 img
Capítulo 22 img
Capítulo 23 img
Capítulo 24 img
Capítulo 25 img
img
  /  1
img

Capítulo 3

A ameaça de Sofia pairava no ar, pesada e sufocante. "Seja uma boa menina, Clara. Sorria para os convidados. Mostre a Heitor como você é grata. E seu segredo estará seguro comigo", Sofia disse, ajeitando uma mecha do cabelo de Clara com uma falsa ternura.

Clara desceu as escadas como um autômato. A casa estava cheia de gente rica e poderosa, risadas altas e o tilintar de taças de champanhe. Ela se sentia como um animal numa jaula, exposta para todos verem.

Sofia a puxou pelo braço. "Venha, vou te apresentar a uns amigos."

Ela a levou até um grupo de pessoas. Um homem mais velho, com um olhar lascivo, a examinou de cima a baixo. "Então esta é a sua... protegida, Heitor?", ele disse, a palavra "protegida" carregada de insinuação.

Heitor, que estava perto, apenas deu um sorriso polido.

Sofia, percebendo a oportunidade, se aproximou do homem. "Clara é um pouco tímida, mas é uma querida. Ela só precisa de um empurrãozinho para se soltar."

De repente, Sofia tropeçou "acidentalmente" de novo, empurrando Clara para frente. Clara caiu nos braços do homem mais velho, que a segurou com mais força do que o necessário, as mãos dele em suas costas, descendo perigosamente.

"Opa, cuidado aí, mocinha", ele disse com uma risada.

Clara tentou se afastar, o pânico subindo, mas o homem a segurou firme. Naquele exato momento, Heitor se virou. O que ele viu foi Clara nos braços de outro homem, uma cena que sua mente ciumenta e controladora distorceu instantaneamente.

"Solte-a!", Heitor rosnou, avançando e arrancando Clara dos braços do homem. "O que você pensa que está fazendo?"

"Heitor, foi um acidente! Sofia me empurrou...", Clara tentou explicar, a voz trêmula.

Sofia já estava ao lado de Heitor, o rosto uma máscara de inocência chocada. "Eu? Clara, como você pode dizer isso? Eu nunca faria isso! Você que se jogou nele!"

O outro homem, confuso, levantou as mãos. "Calma, Heitor, foi só uma brincadeirinha."

Mas Heitor não ouvia ninguém. Seus olhos estavam fixos em Clara, cheios de uma fúria fria. Ele a agarrou pelo braço e a arrastou para longe dos convidados, subindo as escadas em direção ao quarto dela.

"Você não tem vergonha? Se oferecendo para os meus convidados na minha própria casa?", ele sibilou, jogando-a para dentro do quarto.

"Não foi isso! Ela armou pra mim!", Clara gritou, as lágrimas finalmente vindo. "Sofia armou tudo!"

"Cale a boca! Pare de culpar Sofia pelos seus atos! Ela é um anjo, e você... você é uma decepção", ele disse, a voz cortante. "Eu tentei te ajudar, te dar uma vida decente, mas você insiste em se sujar."

A dor no coração de Clara era imensa. Ele nunca acreditaria nela. Nunca. Para ele, Sofia era a luz, e ela era a escuridão. "Eu te odeio", ela sussurrou, mais para si mesma do que para ele. "Eu te odeio, Heitor."

Ele ouviu. Por um momento, a raiva em seu rosto deu lugar a algo que parecia dor. Mas durou apenas um segundo. "Você vai aprender a me respeitar", ele disse, a voz vazia de emoção.

Ele saiu, trancando a porta por fora. Clara ficou sozinha na escuridão, soluçando. Ela sabia que uma punição pior estava por vir. Ela se sentou no chão, abraçando os joelhos, e esperou. A submissão que a instituição lhe ensinou tomou conta. Não adiantava lutar. Apenas esperar.

Horas depois, a festa acabou. Ela ouviu os passos dele no corredor. A chave girou na fechadura. Heitor entrou, o cheiro de álcool vindo dele. Ele segurava um cinto de couro na mão.

"Levante-se", ele ordenou.

Clara obedeceu, o corpo tremendo.

"Você me desrespeitou. Você me humilhou", ele disse, a voz arrastada. Ele estalou o cinto no ar. O som foi como um tiro.

"Eu vou te ensinar uma lição que você não vai esquecer."

A primeira chibatada atingiu suas costas, rasgando o tecido fino do vestido. A dor foi aguda, queimando. Clara cerrou os dentes, recusando-se a gritar.

"Por que você fez aquilo, Clara?", ele perguntou, a voz cheia de uma angústia distorcida. Outra chibatada.

Ela não respondeu. Ficou em silêncio, recebendo o castigo.

"Responda!", ele gritou. Mais uma. E outra.

O vestido estava rasgado nas costas. A pele ardia. Mas a dor física era quase uma distração da dor em seu peito.

Lúcia, a governanta mais velha da casa, que cuidava de Clara desde que ela chegou, ouviu os sons. Ela correu para o andar de cima e parou na porta aberta do quarto. O que ela viu a fez gritar.

"Senhor Heitor, pare! Pelo amor de Deus, o que o senhor está fazendo? Vai matá-la!"

Heitor parou, o braço no ar, o cinto pronto para outro golpe. Ele se virou, os olhos vidrados. A intervenção de Lúcia pareceu quebrar o transe dele. Ele olhou para Clara, para as marcas vermelhas e inchadas que já se formavam em suas costas.

Ele olhou para o cinto em sua mão como se o visse pela primeira vez. O choque tomou conta de seu rosto.

"O que... o que eu fiz?", ele sussurrou.

Clara permaneceu de costas para ele, tremendo, mas em silêncio.

"Isso dói?", ele perguntou, a voz fraca, quase infantil.

Lúcia chorava baixinho perto da porta.

Clara finalmente se virou. Não havia lágrimas em seus olhos. Apenas um vazio profundo. "Não", ela disse, a voz surpreendentemente calma. "Não tanto quanto as outras vezes."

Aquelas palavras o atingiram mais do que qualquer grito faria. Ele olhou para ela, confuso. "Outras vezes?"

            
            

COPYRIGHT(©) 2022