O Tapa do Destino
img img O Tapa do Destino img Capítulo 2
3
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
Capítulo 12 img
Capítulo 13 img
Capítulo 14 img
Capítulo 15 img
Capítulo 16 img
Capítulo 17 img
Capítulo 18 img
Capítulo 19 img
Capítulo 20 img
Capítulo 21 img
Capítulo 22 img
Capítulo 23 img
Capítulo 24 img
Capítulo 25 img
img
  /  1
img

Capítulo 2

As lembranças do início do nosso namoro eram agridoces, Pedro era charmoso e atencioso, ele me fazia sentir como a mulher mais especial do mundo. Nós éramos o casal perfeito aos olhos de todos, o herdeiro da poderosa família Santos e a talentosa designer de moda da família Silva. Nossas famílias apoiavam a união, era uma aliança estratégica que beneficiaria a todos.

Eu o amava, ou pelo menos achava que amava. Eu me dedicava a ele de corpo e alma, sonhando com nosso futuro, com a família que construiríamos juntos. Eu me tornei a mulher que ele queria que eu fosse, abandonei alguns dos meus próprios sonhos para apoiar os dele, sempre colocando suas necessidades e ambições em primeiro lugar.

Com o tempo, a doçura dele deu lugar à frieza e à crítica constante, ele começou a me diminuir, a criticar meu trabalho, minhas roupas, meus amigos. Eu me esforcei mais, tentando ser perfeita para ele, acreditando que se eu mudasse, ele voltaria a ser o homem por quem me apaixonei. Eu me sentia cada vez mais triste e desesperada, me culpando pela deterioração do nosso relacionamento.

Então, veio a gravidez. Foi uma surpresa, mas uma surpresa feliz, eu achei que um bebê nos uniria novamente, que reacenderia o amor que parecia ter se perdido. Por um tempo, funcionou, Pedro pareceu mais feliz, mais presente. Mas a felicidade durou pouco.

Um dia, sofri um aborto espontâneo, foi uma experiência traumática e devastadora. A dor da perda era imensa, e eu precisava do apoio dele mais do que nunca, mas em vez de conforto, recebi acusação. Ele me culpou, disse que eu não me cuidei direito, que eu era fraca, que eu tinha matado nosso filho. As palavras dele foram brutais, me deixando completamente destruída, carregando não apenas o luto, mas também uma culpa que não era minha.

Mesmo depois de tudo isso, eu tentei salvar o que restava do nosso relacionamento, a pressão das nossas famílias era enorme, o noivado deles era um negócio importante. Eu fiz tudo o que pude, sugeri terapia de casal, planejei viagens românticas, tentei conversar, mas ele se fechou completamente, cada tentativa minha era recebida com desprezo e indiferença. Eu me sentia presa, em um ciclo de desespero e rejeição.

Agora, ali no quarto dele, ouvindo-o anunciar o noivado com Sofia, tudo fazia sentido. Ele nunca me amou, ele só me usou.

"Sofia é pura, Maria" , Pedro disse, a voz dele cheia de uma falsa sinceridade que me deu nojo, "Ela não tem a sua... bagagem. Espero que você entenda e nos deseje felicidades."

A hipocrisia dele era inacreditável, como ele ousava falar de pureza depois de me trair com a minha melhor amiga? Uma raiva fria começou a substituir a dor, eu o olhei nos olhos, vendo-o claramente pela primeira vez, não o homem que eu amava, mas um monstro egoísta e cruel.

Surpreendendo a mim mesma e a eles, eu endireitei as costas e dei um sorriso calmo, "Claro, Pedro, eu desejo a vocês toda a felicidade que merecem."

Minha calma pareceu desarmá-los, eles esperavam lágrimas, histeria, não essa aceitação tranquila. A verdade era que eu estava morta por dentro, a dor era tão grande que se tornou um tipo de dormência.

"Só tem mais uma coisa" , eu disse, a voz firme. Tirei o anel de noivado do meu dedo, o diamante que um dia simbolizou promessas de amor eterno agora parecia um pedaço de vidro frio e sem vida, "Acho que isso não me pertence mais."

Ofereci o anel a ele, ele hesitou por um momento, surpreso com meu gesto.

Eu não esperei que ele pegasse, simplesmente deixei o anel cair no chão, o som metálico e pequeno ecoando no silêncio. Foi um ato final, um símbolo da minha libertação. Eu me virei e saí daquele quarto, daquela vida, sem olhar para trás. Enquanto eu caminhava para longe, uma sensação de alívio começou a tomar conta de mim, misturada com uma força silenciosa que eu não sabia que possuía. O futuro era incerto e assustador, mas pela primeira vez em muito tempo, era só meu.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022