Casamento Cancelado: Amor Real
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Capítulo 3

A semana passou se arrastando, um borrão de trabalho, solidão e noites mal dormidas.

Sofia continuava me mandando mensagens, alternando entre súplicas desesperadas e acusações furiosas.

Eu lia todas, mas não respondia nenhuma.

Na sexta-feira, meu chefe me chamou na sala dele.

"Ricardo, eu sei que não é um bom momento, ouvi sobre... bem, sobre o fim de semana passado."

Eu apenas assenti, esperando pela demissão.

"Mas eu preciso te fazer uma proposta, a filial de Londres está precisando de um diretor de design, e seu nome foi o primeiro que me veio à mente, você sempre recusou por causa da Sofia, mas agora..."

Ele deixou a frase no ar.

Era a proposta dos meus sonhos, a chance de trabalhar em uma das maiores agências do mundo, a oportunidade que eu recusei três vezes nos últimos cinco anos para não me afastar de Sofia.

O antigo Ricardo teria agradecido e recusado sem nem pensar.

Mas o antigo Ricardo estava morto.

"Eu aceito," disse, sem hesitação.

Meu chefe sorriu, surpreso e satisfeito.

"Ótimo! Você começa em um mês."

Saí da sala dele sentindo um peso a menos nos ombros, pela primeira vez em muito tempo, eu senti uma faísca de esperança, de animação pelo futuro.

Um futuro sem Sofia.

Eu passei anos sacrificando minha carreira, meus sonhos, por um relacionamento que só me trazia dor e humilhação.

Agora era a minha vez.

Quando cheguei em casa, havia dezenas de mensagens de Sofia.

"Ric, por favor, me responde."

"Eu te amo, não desiste de nós."

"Estou com saudades do seu cheiro."

"Você está me punindo? Tudo bem, eu mereço, mas por favor, fala comigo."

E então, uma foto, ela estava usando uma lingerie que eu tinha dado a ela, fazendo uma pose provocante.

Antes, essa foto teria me deixado louco.

Agora, eu só sentia um vazio.

Apaguei a foto e as mensagens.

No sábado, ela apareceu na minha porta.

Eu a deixei entrar, mantendo uma distância segura.

"Ric, meu amor," ela disse, tentando me abraçar.

Eu dei um passo para trás, meus braços cruzados na frente do peito.

"Não me toca, Sofia."

A frieza na minha voz a surpreendeu, ela recuou, os olhos cheios de mágoa.

"O que foi? Por que você está agindo assim?"

"Assim como? Sendo honesto? Dizendo o que eu sinto?"

"Eu vim fazer as pazes, eu até trouxe uma coisa pra você."

Ela me estendeu uma caixa de presente.

Abri sem muito interesse.

Dentro, havia uma camisa de time de futebol.

Não do meu time.

Do time de Gabriel.

O absurdo da situação era quase cômico.

Até no seu grande gesto de reconciliação, ela errava, porque a mente dela estava sempre nele.

Eu coloquei a caixa na mesa.

"Obrigado."

"Você não gostou?" ela perguntou, a voz insegura.

"É legal," menti.

Fomos jantar, ela insistiu, disse que tinha reservado nosso restaurante favorito.

Chegando lá, percebi que não era o nosso restaurante favorito.

Era o restaurante favorito dela e de Gabriel.

Sentei à mesa e mal toquei na comida, o silêncio entre nós era denso, desconfortável.

Ela tentou puxar assunto, falou sobre o trabalho, sobre o tempo, sobre qualquer banalidade para preencher o vazio.

Eu respondia com monossílabos.

"Sim."

"Não."

"Uhum."

Ela me olhava, esperando uma reação, um sorriso, qualquer sinal do Ricardo de antes.

Mas ele não estava mais lá.

No meio do jantar, ela suspirou, derrotada.

"Você não vai nem tentar, não é?"

Eu a encarei, meus olhos frios e distantes.

"Tentar o quê, Sofia? Tentar esquecer que você me humilhou na frente de duzentas pessoas pela décima primeira vez? Tentar fingir que essa camisa de futebol na minha casa não é mais uma prova de que eu sou sempre sua segunda opção?"

Ela ficou em silêncio.

Pela primeira vez, Sofia não tinha uma resposta, não tinha uma desculpa.

Ela apenas abaixou a cabeça, e a imagem da mulher poderosa e manipuladora se desfez, dando lugar a uma figura pequena e perdida.

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