Quando confrontei Marcos, ele pegou o celular da minha mão e me acusou de paranóia.
"Ciúmes porque ela é competente?", ele riu, zombando da mulher que sacrificou a carreira e os sonhos por ele.
No dia seguinte, Patrícia postou uma indireta vitimista no feed da empresa.
Marcos a defendeu publicamente, elogiando sua 'dedicação e talento', me humilhando e isolando.
Uma mensagem dele chegou: "Se continuar com essa palhaçada, quem vai se dar mal é você."
Foi a gota d'água.
Eu não senti mais dor, nem raiva. Apenas um vazio gelado.
Peguei o telefone. Liguei para o Dr. Almeida.
"Sofia, você tem certeza?", ele perguntou.
"Absoluta", respondi.
Eu não estava mais lutando. Eu estava aceitando o fim.
Semanas depois, a provocação final.
Patrícia postou fotos, com a minha tradição de família, meu avental, ela na minha casa, com Marcos ao fundo.
A legenda dizia que Marcos tinha ensinado a ela.
Bloqueei a todos. Limpei minha vida digital.
Com a passagem comprada e o documento do divórcio em mãos, fui buscar minhas últimas coisas.
Ouvi a voz dos meus ex-sogros e de Marcos, difamando-me para Patrícia, chamando-me de "acomodada" e "sem ambição".
Entrei. Eles ficaram chocados.
Marcos, furioso: "O que você está fazendo aqui?"
"Vim buscar minhas coisas", respondi, calma.
Ele mandou eu ir embora, Patrícia agiu de vítima, ele e os pais dela se uniram e me atacaram.
Então, joguei a certidão de divórcio na mesa.
"Tarde demais. Já acabou. Oficialmente."
O choque deles foi impagável. Marco pálido, Patrícia em pânico perguntando sobre o dinheiro.
Marcos tentou se desculpar, chorando, usando nossas memórias, implorando para eu voltar.
"Não", eu disse, "não quero nada mais com você."
Patrícia tentou me empurrar, mas tropeçou e simulou uma queda, me acusando.
Marcos e os pais dela me atacaram, chamando-me de "monstra", defendendo a "guerreira" Patrícia, a qual eu sabia ser uma farsante.
Ninguém me impediu de ir embora.
No aeroporto, recebi uma ligação. Era Marcos. Ele tinha me encontrado.
Ele me deu um presente. Um vestido vermelho de veludo.
Perfeito para Patrícia. Eu era alérgica a veludo e corantes vermelhos.
"Você não me conhece, Marcos. Você nunca me conheceu."
Fechei a porta.
No avião, vi a foto dele com Patrícia no vestido. "Com quem realmente se importa. A vida segue."
Eu não senti nada.
Um ano depois, Marcos apareceu em meus pais, ajoelhado, lamentando a todo o custo.
"Ela me roubou. Destruiu minha empresa. Eu te quero de volta."
"Você não me quer de volta. Você quer a sua vida de volta. A vida confortável que eu te dava."
Eu não o amava mais. Eu não sentia nada.
Anos depois, ele apareceu na minha livraria em Portugal.
Disse a ele a verdade.
"Eu não penso mais em você, Marcos. Eu nem me lembro mais de como era te amar."
Ele se foi. E eu estava livre.