Chegamos na escola e, durante o intervalo, Pedro me puxou para um canto mais isolado do pátio.
"Lulu, eu sinto que você está um pouco distante hoje", ele disse, tentando parecer preocupado.
De repente, uma voz mecânica e sem emoção soou na minha cabeça, claramente vinda do sistema dele.
[Nova missão do sistema: Aumentar o nível de intimidade com o alvo. Recompensa: Aumento de 2% na taxa de conversão de notas. Tarefa: Segurar a mão de Lívia por cinco minutos.]
Vi os músculos da mandíbula de Pedro se contraírem por uma fração de segundo. Ele odiava isso.
Mas ele estendeu a mão na minha direção, o sorriso forçado de volta no rosto.
"Me dá sua mão. Quero sentir que estamos conectados."
A voz interior dele gritava em protesto.
[Que nojo. Tenho que tocar nessa garota esquisita. As mãos dela são sempre frias e suadas de tanto ficar nervosa com os estudos. Se não fosse pelo sistema, eu jamais faria isso. A mão da Sofia é tão macia e quente...]
O desprezo em seus pensamentos era tão palpável que eu quase ri. Ele me via como um objeto sujo que ele era forçado a tocar.
Sabendo disso, em vez de recuar, eu estendi minha mão e a coloquei na dele. A expressão dele vacilou por um instante antes de ele forçar um sorriso ainda maior.
[Pronto. Agora é só aguentar cinco minutos. Cinco minutos para garantir que a nota do próximo simulado dela venha para mim. É um sacrifício que vale a pena.]
Enquanto ele segurava minha mão, a verdade completa me atingiu como um raio. O sistema não apenas trocava notas, ele precisava de contato físico para funcionar. A "intimidade" era o catalisador.
Todos os abraços "espontâneos", todos os beijos "carinhosos", todos os momentos em que ele segurou minha mão... não eram demonstrações de afeto. Eram transações.
Ele estava me usando, me tocando com nojo, apenas para roubar meu esforço.
E Sofia? Ela sabia disso. Ela com certeza sabia. Ela era a cúmplice, a beneficiária silenciosa que observava tudo de longe, provavelmente rindo da minha ingenuidade.
Lembrei-me de como Pedro sempre me afastava quando Sofia estava por perto, como se tivesse vergonha. Não era vergonha, era para não magoar a verdadeira namorada dele. Eles estavam juntos nisso.
O cronômetro mental de Pedro chegou ao fim.
[Finalmente. Cinco minutos. Missão concluída.]
Ele soltou minha mão como se ela estivesse queimando.
"Pronto, amor. Agora me sinto melhor", ele mentiu descaradamente.
Um plano começou a se formar na minha mente. Um plano cruel e delicioso. Se eles precisavam do meu esforço e do meu contato físico, eu os faria implorar por ambos.
Olhei para ele, um brilho perigoso nos meus olhos.
"Sabe, Pedro, eu estava pensando... acho que deveríamos chamar a Sofia para estudar com a gente hoje à tarde. Em trio, a gente aprende mais, não acha?"
Quero ver os dois juntos. Quero ver a farsa deles de perto. E quero que eles saibam que o jogo, a partir de agora, será jogado com as minhas regras.