O Retorno da Estrela Brilhante
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Capítulo 4

Depois da minha explosão, eles me trancaram no quarto novamente. Mas desta vez, a porta trancada era um alívio. Eu precisava de espaço, precisava ficar longe da toxicidade deles. Deitei na cama e fitei o teto. Eu não sentia medo. Não sentia tristeza. Eu me sentia... oca. E dentro desse oco, uma pequena semente de determinação começou a brotar.

Horas depois, meu celular tocou. Era meu pai adotivo, Antônio. A voz dele era fria, desprovida de qualquer emoção.

"Estrela, eu e sua mãe vamos viajar com a Lua e o Sol. Vamos para a Europa por algumas semanas. A Lua precisa relaxar depois do... incidente que você causou."

Ele fez uma pausa, esperando uma reação minha. Eu permaneci em silêncio.

"Você vai ficar aqui. Sozinha. Pense nisso como uma chance para refletir sobre seu comportamento terrível. A geladeira está abastecida. Não saia de casa e não traga ninguém aqui. Quando voltarmos, decidiremos o que fazer com você."

A ironia era inacreditável. Ele estava me punindo me deixando sozinha, mas para mim, aquilo era um presente. Era a oportunidade que eu precisava.

"Nós vamos deixar seu passaporte e os documentos da viagem aqui", ele continuou, como se estivesse me fazendo um grande favor. "Para mostrar que ainda confiamos em você. Não nos decepcione de novo."

Confiança? Depois de me acusarem de ser uma prostituta e tentarem cortar meu cabelo? Eu quase ri.

"Tudo bem", eu disse, a voz neutra.

"É só isso que você tem a dizer? 'Tudo bem'?", ele perguntou, irritado com a minha falta de submissão.

"O que você quer que eu diga? 'Obrigada por arruinarem minha vida e agora irem tirar férias felizes'? Tenham uma boa viagem, Antônio."

Eu desliguei o telefone antes que ele pudesse responder. Um silêncio delicioso preencheu o quarto. Sozinha. Finalmente sozinha.

Eu podia ouvir a movimentação no resto da casa. As malas sendo arrastadas, as vozes animadas de Lua e Sofia planejando as compras que fariam em Paris e Milão. Eles estavam me deixando para trás, como sempre fizeram. Mas desta vez, eu não me importava. Eu não queria ir com eles. Eu não queria mais fazer parte daquela farsa.

Um plano começou a se formar na minha mente. Um plano de libertação. Eles me deram algumas semanas. Seria tempo mais do que suficiente.

Eu não ia apenas ir embora. Eu ia apagar cada vestígio da minha existência naquela casa. Eu ia me tornar um fantasma. Quando eles voltassem, não encontrariam a Estrela submissa que eles esperavam. Eles não encontrariam nada.

Fiquei deitada, ouvindo os sons da partida deles. O barulho do carro saindo da garagem, o portão se fechando. E então, o silêncio. Um silêncio absoluto, profundo, maravilhoso.

Eu me levantei e fui até a janela. O jardim estava perfeitamente cuidado, as flores coloridas. Uma fachada perfeita para uma família podre. Eu olhei para aquela casa, que por tantos anos foi minha prisão, e senti uma onda de poder. Eles achavam que tinham me encurralado, me punido. Mal sabiam eles que tinham acabado de me dar a chave da minha própria liberdade.

Eu não ia refletir sobre meu "comportamento terrível". Eu ia celebrar minha fuga. Eu ia planejar cada passo com cuidado e precisão. Quando eles voltassem da sua viagem luxuosa, a vida que eles conheciam teria mudado para sempre. E a culpa seria inteiramente deles.

            
            

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