O Jogo Deles, Minhas Regras
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Capítulo 3

"Você me amava?"

A pergunta saiu dos meus lábios como um sopro gelado. Eu olhei para o rosto furioso de Pedro, para os olhos que uma vez me prometeram o mundo, e uma risada amarga escapou da minha garganta.

"Você chama aquilo de amor, Pedro? Desaparecer sem uma palavra? Me deixar sozinha para enfrentar o inferno enquanto você, aparentemente, encontrava o paraíso?"

Eu empurrei suas mãos dos meus ombros com uma força que eu não sabia que tinha.

"Você não sabe nada sobre a minha vida. Você não sabe nada sobre os últimos quatro anos. Então não se atreva a vir aqui e me julgar."

O rosto dele se contorceu, uma mistura de raiva e algo que parecia... culpa?

"Eu não tive escolha, Luana," ele disse, sua voz um pouco mais baixa. "Foi complicado. Minha família..."

"Sua família?" eu o interrompi, incrédula. "Você nunca me falou da sua família! Você me disse que era órfão, que não tinha ninguém no mundo além de mim!"

Ele desviou o olhar, incapaz de me encarar. "Eu menti. Eu tive que mentir. Eles nunca teriam aprovado você. Eles queriam que eu me casasse com a Isabella. Era um acordo de negócios, para salvar a empresa da minha família da falência."

Cada palavra era como um soco no estômago. Minha vida inteira com ele tinha sido uma mentira. O amor que eu achava tão puro e verdadeiro era apenas uma conveniência para ele, algo a ser descartado quando a realidade batesse à porta.

"Então você me usou," eu disse, a constatação fria e dura. "Eu fui sua fuga, sua pequena aventura antes de você voltar para sua vida real, para sua noiva rica e seus negócios de família."

"Não! Não foi assim," ele insistiu, tentando se aproximar de novo, sua mão tentando encontrar a minha. Eu me afastei como se ele fosse fogo. "Eu amava você. Eu ainda amo você."

Aquelas três palavras, que uma vez teriam me feito derreter, agora soavam como um insulto.

"Não diga isso," eu sibilei. "Não ouse dizer isso para mim agora."

Eu respirei fundo, empurrando para baixo a onda de dor que ameaçava me afogar. Eu precisava ser prática. Eu precisava ser fria. A Luana que amava Pedro estava morta e enterrada sob quatro anos de sofrimento.

"Tudo bem, Pedro," eu disse, minha voz agora calma e calculista. "Você diz que me ama. Prove."

Ele me olhou, confuso. "Como?"

"Case-se comigo," eu disse, as palavras saindo diretas e afiadas. "Termine com a Isabella. Me dê um nome, uma posição. Me dê o sobrenome da sua família poderosa."

O silêncio que se seguiu foi a resposta mais alta que ele poderia ter me dado.

Ele ficou ali, parado, o conflito estampado em seu rosto. Ele abriu a boca para falar, mas nenhum som saiu. Ele não podia. Ele não queria.

Eu ri, um som quebrado e sem alegria.

"Foi o que eu pensei."

Meu coração, que eu achava que já não podia mais se quebrar, se partiu em mais um milhão de pedaços. A ilusão final foi destruída.

"Agora, se você me dá licença," eu disse, passando por ele em direção à porta do banheiro, "eu tenho um magnata para entreter."

Ele agarrou meu braço, me virando para encará-lo mais uma vez. Seu desespero era palpável.

"Luana, por favor," ele implorou, sua voz rouca. "Eu não posso me casar com você. Você não entende, minha família me deserdaria, tudo desmoronaria. Mas eu posso te dar qualquer outra coisa. Dinheiro, uma casa, qualquer coisa que você quiser. Apenas não fique com ele. Fique comigo."

"Qualquer coisa... exceto um nome," eu completei por ele, um sorriso triste tocando meus lábios. "Você quer que eu seja sua amante, Pedro? Escondida nas sombras, enquanto você exibe sua noiva perfeita para o mundo? É isso que você acha que eu mereço?"

Ele não respondeu. Apenas me segurou com mais força, como se sua proximidade física pudesse consertar o abismo que nos separava.

Lágrimas quentes finalmente rolaram pelo meu rosto, mas eu não as enxuguei. Eu deixei que ele as visse.

"Você sabe, por um momento hoje," eu sussurrei, "quando eu te vi, uma parte estúpida de mim pensou que talvez você tivesse voltado por mim. Que talvez houvesse uma explicação, uma razão para tudo."

Eu olhei para ele, para o homem que eu amava e odiava na mesma medida.

"Mas agora eu vejo a verdade. Você não voltou por mim. Você só não suporta me ver com outro homem. Não é amor, Pedro. É posse."

Com um último esforço, eu me soltei de seu aperto. Eu me virei, colocando a mão na maçaneta da porta do banheiro, e forcei um sorriso zombeteiro no rosto, a máscara de volta no lugar.

"Não se preocupe, Pedrinho. Eu aprendi minha lição. Não estou mais procurando por amor. Estou procurando por sobrevivência. E Rodrigo, ao contrário de você, não me oferece promessas vazias."

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