Vingança do Marido Esquecido
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Capítulo 4

Cheguei à empresa antes de Ana Paula. Fui direto para minha antiga mesa, que ainda estava vazia, e comecei a colocar meus poucos pertences pessoais em uma caixa. Colegas passavam, me olhavam com uma mistura de pena e curiosidade, mas ninguém ousava dizer nada. O clima na empresa estava tenso desde a festa.

Ana Paula chegou uma hora depois, caminhando pelo escritório como se fosse a dona do mundo. Pedro estava ao seu lado, carregando a pasta dela, o novo relógio de platina brilhando ostensivamente em seu pulso. Ele me lançou um olhar de puro triunfo.

Ela parou em frente à sua sala e se virou para mim, como se só então notasse minha presença.

"Preciso dos relatórios de progresso do último trimestre, João. Na minha mesa em dez minutos."

Era o tom dela de CEO, frio e autoritário.

Eu peguei a pasta que estava na minha cadeira e caminhei até ela. Não eram os relatórios que eu tinha na mão.

"Não vou te entregar relatório nenhum," eu disse, com a voz clara e alta o suficiente para que as pessoas ao redor ouvissem.

Tirei o envelope da pasta e o coloquei com força sobre a pequena mesa de centro ao lado da porta de sua sala. O som ecoou no silêncio do escritório.

"O que é isso?" ela perguntou, a testa franzida em irritação.

"Nosso acordo de divórcio. Já está assinado por mim. Só falta a sua assinatura."

Ela olhou para o envelope, depois para mim, e então soltou uma risada curta e desdenhosa.

"Divórcio? Que palhaçada é essa, João Carlos? Está fazendo birra por causa de um cargo? É assim tão infantil?"

Ela pegou o envelope, nem se deu ao trabalho de abrir. Com um gesto dramático, ela o rasgou em dois, e depois em quatro, e jogou os pedaços no chão.

"Você é ridículo! Seu pensamento é tão sujo!" ela disse, a voz subindo de tom. "Eu estava pensando em finalmente assumir nosso casamento publicamente, em te dar o reconhecimento que você acha que merece! E você vem com essa sujeira? Você não tem vergonha?"

Era uma performance. Ela estava se pintando como a vítima, a esposa magnânima sendo apunhalada pelas costas por um marido inseguro e ciumento. Alguns funcionários ao redor começaram a cochichar, olhando para mim com desaprovação.

"Reconhecimento?" eu disse, um sorriso sem humor no rosto. "O tipo de reconhecimento que você deu ao Pedro? Um cargo que ele não merece e um relógio que vale mais do que esta sala?"

O rosto de Pedro ficou vermelho. Ana Paula ficou furiosa.

"Não meta o Pedro nisso! Ele conseguiu tudo por mérito próprio! Coisa que você parece ter esquecido como se faz!" ela gritou, apontando para Pedro, que agora ostentava seu relógio como uma medalha de honra. "O Pedro é o futuro desta empresa! Algumas pessoas, por outro lado, ficaram estagnadas, presas no passado, com medo da competição!"

O olhar dela estava fixo em mim. A humilhação era pública, calculada e cruel.

Mas em vez de me encolher, eu senti uma força crescer dentro de mim. Era o fim.

Respirei fundo e endireitei os ombros.

"Com licença, Ana Paula," eu disse, minha voz calma cortando a tensão. "Já que sou um funcionário estagnado e sem futuro, eu gostaria de anunciar, na frente de todos, a minha demissão."

O escritório, que já estava silencioso, pareceu prender a respiração coletivamente. O rosto arrogante de Ana Paula se desfez, substituído por uma expressão de puro choque.

"O quê?" ela gaguejou, a palavra saindo como um sopro.

Ela não esperava por isso. Em seu mundo, eu era uma posse. Uma peça controlável em seu tabuleiro de xadrez. E a peça tinha acabado de se mover por conta própria, arruinando seu jogo.

"Você me ouviu," eu disse. "Estou me demitindo. Efeito imediato."

A realidade pareceu atingi-la. O pânico piscou em seus olhos antes de ser substituído por fúria. Ela me agarrou pelo braço.

"Você não pode se demitir," ela sibilou, a voz baixa e ameaçadora. "Não seja idiota. A empresa vai abrir o capital no próximo ano. Você vai ficar rico. Vai jogar tudo fora por causa de um capricho?"

Eu puxei meu braço de seu aperto.

"Não é um capricho. É uma decisão. E não me interessa o seu dinheiro." Eu olhei para o relógio na parede. "Meu horário de trabalho acabou. Se você não aceitar minha demissão amigavelmente, minha advogada entrará em contato com o departamento de RH. Acho que podemos resolver isso na justiça do trabalho, se preferir."

A menção à justiça e a advogados a fez recuar. O rosto dela ficou pálido. Ela sabia que eu tinha motivos de sobra para um processo, desde o assédio moral até as condições do nosso acordo não escrito.

Ela me encarava, a boca aberta, sem palavras. Pela primeira vez em muito tempo, eu a tinha deixado sem controle. E a sensação era incrivelmente boa.

                         

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