Vingança da Alma Quebrada
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Capítulo 4

A próxima entrada do diário que apareceu na tela era datada de alguns meses depois. Uma data que ficou marcada em minha memória com fogo e gelo.

28 de Outubro.

"Hoje é meu aniversário de 18 anos. Também é o aniversário de 18 anos de Camila. Nascemos no mesmo dia, no mesmo hospital. A ironia cruel do destino. Meus pais, claro, esqueceram o meu. Eles passaram semanas planejando uma festa extravagante para Camila. 'A primeira festa de aniversário de verdade da nossa filha', eles diziam para todos. Eu não me importava com a festa. Eu só queria um 'feliz aniversário'. Apenas uma palavra."

Eu me lembro daquele dia. Lembro-me de acordar com um nó no estômago, uma esperança tola de que talvez, só talvez, eles se lembrassem. Mas a casa era um caos de decoradores e funcionários de buffet, todos trabalhando para a festa de Camila. Ninguém olhou para mim. Eu era invisível.

A Sra. Silva, na plateia, se encolheu. Ela se lembrava. Lembro-me dela passando por mim no corredor, com uma lista nas mãos, sem nem mesmo me dar bom dia.

O diário continuou.

28 de Outubro, noite.

"A festa está acontecendo no jardim. Centenas de pessoas. Eu estou no meu quarto, observando pela janela. Eu não queria descer. Mas então, a porta do meu quarto se abriu. Era Camila. Ela estava segurando um cupcake com uma pequena vela acesa. Ela estava linda em seu vestido caro, mas seus olhos eram gentis."

"Feliz aniversário, Sofia", ela sussurrou.

"Ela foi a única que se lembrou. A 'verdadeira herdeira', a garota que supostamente me odiava, foi a única que se importou. Ficamos ali por um momento, em silêncio. Eu acho que, pela primeira vez, eu não a invejei. Eu a admirei. Ela tinha uma bondade que toda a riqueza dos Silva não podia comprar."

Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto de Camila enquanto ela lia. A memória daquele pequeno ato de bondade, um segredo compartilhado entre nós duas, agora exposto para todos verem.

Bruno parecia cada vez mais nervoso. Ele sabia o que vinha a seguir.

A página virou, e a caligrafia ficou mais trêmula, mais urgente.

28 de Outubro, mais tarde.

"Algo terrível aconteceu. Eu desci com Camila para a festa. Ela me convenceu. Estávamos perto da mesa de bebidas quando vi Bruno. Ele estava sorrindo para Camila, oferecendo-lhe um copo de ponche. Mas eu vi. Eu vi quando ninguém estava olhando. Vi ele tirar um pequeno frasco do bolso e derramar um pó branco no copo dela. Meu sangue gelou. Eu sabia o que ele era. Um predador. Ele queria machucar Camila. Ele queria tomá-la à força, garantir seu lugar na família de uma vez por todas."

Um grito abafado veio da multidão. Todos os olhos estavam grudados na tela, horrorizados.

"Eu não pensei. Eu apenas agi. Corri em direção a eles no momento em que ele entregava o copo para Camila. 'Cuidado!', eu gritei, e bati no braço dela. O copo voou, e o ponche cor-de-rosa manchou o vestido branco dela. E o meu. Camila me olhou, chocada e confusa. Bruno imediatamente começou a gritar."

"Sua louca! Olha o que você fez! Você está com ciúmes! Você não suporta ver sua irmã feliz!"

"Meus pais vieram correndo. Eles viram o vestido de Camila manchado, o rosto furioso de Bruno, e eu, parada ali. Eles não me deram a chance de explicar. Meu pai me deu um tapa no rosto. O som ecoou pelo jardim silencioso. 'Suma daqui', ele rosnou. 'Você não é mais minha filha. Você é um monstro.'"

A Sra. Silva soluçou alto, cobrindo o rosto com as mãos. O Sr. Silva ficou imóvel, seu rosto uma máscara de horror e arrependimento. O tapa. Ele se lembrava do peso de sua mão contra minha pele, da minha expressão de choque, da humilhação pública.

Camila olhou para Bruno, e pela primeira vez, não havia confusão em seus olhos. Havia apenas repulsa.

"Era isso que tinha no copo, Bruno?", ela perguntou, sua voz baixa e perigosa. "Era isso que você ia fazer comigo?"

"Não! É mentira!", ele gritou, desesperado. "Ela inventou tudo isso para se vingar! Ela era obcecada por mim!"

Mas ninguém estava mais acreditando nele. A história se encaixava perfeitamente demais. Minha reação "louca", a fúria dele, a forma como ele manipulou meus pais. Era a verdade, nua e crua, e estava destruindo o conto de fadas deles bem no meio do altar.

                         

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