A risada de Sofia ecoou, misturando-se à chuva lá fora, enquanto eu, Heitor, observava da estante, um fantasma na minha própria casa.
Ela estava nos braços de Gabriel, e a voz de Sofia, outrora melosa, transformou-se em uma ordem humilhante: "Heitor, por que você não vai lavá-lo para mim?".
Fui compelido a lavar o carro dela sob uma chuva torrencial, de joelhos, meus dedos congelados e dormentes, observando Sofia e Gabriel rirem abertamente através da janela, brindando à minha humilhação, como se eu fosse um cão molhado.
A dor de ser tratado como um objeto se intensificou quando, febril e doente, desmaiei, apenas para ser "socorrido" por Gabriel com uma seringa cheia de um líquido desconhecido, enquanto Sofia assistia, mais preocupada com o pulso dele do que com minha agonia.
Mas, ao ver minha rejeição no espelho, ela finalmente perguntou: "O que aconteceu com você?". Eu não respondi, mas o Heitor que ela conhecia, o capacho que ela pisava, havia acabado.