Vendida Pela Melhor Amiga
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Capítulo 3

A porta do celeiro se abriu com um rangido, e a luz do sol forte a cegou por um instante. O filho da Senhora Silva entrou, um sorriso cruel no rosto.

"Ainda não aprendeu a lição, putinha da cidade?"

Antes que ele pudesse dar mais um passo, uma voz forte e jovem soou do lado de fora.

"Mãe! O que está acontecendo aqui? Ouvi os gritos lá da roça."

Um rapaz alto e de ombros largos apareceu na porta, bloqueando a luz. Seus olhos passaram pela cena: o irmão com uma expressão de raiva, e uma garota machucada e amordaçada no chão. Era Pedro, o primo de Sofia, embora ela não soubesse disso ainda.

O filho da Senhora Silva recuou um passo. "Não é nada, Pedro. Só uma noiva teimosa que estamos tentando domar."

Sofia viu uma chance. Com as mãos amarradas, ela se arrastou na direção do recém-chegado, os olhos suplicando. Ela cuspiu o pano da boca.

"Pedro!" , ela arfou, a voz rouca. "Sou eu! Sofia! Sua prima! Filha da tia Helena!"

Pedro franziu a testa, confuso. Ele olhou para a garota. O rosto estava inchado e sujo, o cabelo uma bagunça emaranhada. Ele não a via há quase dez anos, desde que ela era uma criança. Essa mulher desesperada não parecia em nada com a pequena Sofia de suas memórias.

"Prima? Eu não tenho nenhuma prima com esse nome aqui" , ele disse, desconfiado.

A Senhora Silva aproveitou a hesitação dele. Ela se aproximou, colocando a mão no ombro de Pedro com uma falsa preocupação.

"Não ligue para ela, meu filho. A coitada é louca. Compramos ela de uma gente na cidade grande, e desde que chegou ela fica inventando essas histórias. Diz que é neta da sua tia Maria. Deve ter ouvido o nome em algum lugar e agora está usando para tentar escapar."

O coração de Sofia afundou. Ele não a reconheceu. A última esperança estava se esvaindo.

"É mentira!" , ela gritou, a voz quebrando. "Olhe para mim, Pedro! Por favor, lembre-se de mim!"

Mas a semente da dúvida já havia sido plantada. Pedro, embora visivelmente incomodado com a violência, não sabia em quem acreditar. A história da Senhora Silva, por mais cruel que fosse, parecia mais plausível do que uma prima perdida aparecendo daquela forma.

"Levem ela para o quarto dos fundos" , disse a Senhora Silva, a voz agora calma e controladora. "Deixem ela esfriar a cabeça. Pedro, venha, vamos conversar."

Eles a arrastaram novamente, desta vez para um pequeno quarto nos fundos da casa, ainda mais isolado que o primeiro. A porta foi trancada com um barulho pesado de ferrolho. A escuridão e o silêncio a envolveram. O desespero ameaçou consumi-la por completo.

Mas enquanto seus olhos se ajustavam à penumbra, ela viu algo encostado em um canto. Um pedaço de madeira, pesado e sólido, parte de uma cadeira quebrada.

A raiva superou o medo. Ela não ia morrer ali. Ela não ia se entregar.

Quando ouviu passos se aproximando da porta novamente, ela se levantou, cambaleando, e empunhou o pedaço de madeira com as duas mãos. Seu corpo tremia, mas sua determinação era de ferro.

A porta se abriu e o filho mais novo da Senhora Silva entrou, trazendo um prato de comida.

"Se não comer, vai morrer de fome antes do casamento" , ele disse com desdém.

No instante em que ele entrou, Sofia ergueu a madeira.

"Fique longe de mim!" , ela gritou, a voz cheia de uma fúria que ela não sabia que possuía.

O homem parou, surpreso com a reação dela. Ele olhou para o pedaço de madeira e para os olhos dela, que queimavam de ódio. Pela primeira vez, ele viu algo além de uma vítima. Ele viu perigo.

"Abaixa isso, sua louca" , ele disse, dando um passo para trás.

"Saia daqui ou eu juro que racho a sua cabeça!" , ela ameaçou, avançando um passo.

Ele hesitou, depois recuou para fora do quarto, fechando a porta apressadamente. Sofia ficou ali, ofegante, o coração batendo forte contra as costelas, a madeira ainda erguida. Ela havia conseguido criar um impasse. Por enquanto, estava sozinha. Mas a luta estava longe de terminar.

            
            

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