O carro balançava suavemente na estrada de terra, o cheiro de mato e chuva invadindo a janela. Minha "melhor amiga" Isabella me ofereceu uma bala de coco caseira.
"Toma, Sofia, experimenta essa bala de coco, é caseira, uma delícia."
Engoli, sentindo um gosto estranhamente amargo por trás do açúcar, e então tudo escureceu.
Acordei em um quarto sujo, cheirando a mofo. Uma mulher velha e cruel zombou: "A bela adormecida finalmente acordou."
Ela me disse que Isabella me vendeu.
"Meu filho te comprou. Você é a noiva dele agora."
Vendida. Por minha melhor amiga. A dor, a raiva e o pavor me sufocaram. Tentei fugir, mas meu corpo estava fraco. Eles me arrastaram de volta, a Senhora Silva me bateu.
"Cala a boca, sua vagabunda! Nós pagamos por você. Você nos pertence. Vai aprender a obedecer."
Minhas lágrimas escorriam enquanto o desespero me consumia. Eles achavam que eu não tinha ninguém. Que não era ninguém. Mas, olhando pela janela, vi algo familiar: a grande mangueira, o riacho, a capela.
Este não era um vilarejo qualquer. Era a terra natal da minha avó Maria e do meu avô José. Aqueles que ousaram me tocar não sabiam com quem estavam se metendo.