"Sofia!", Ricardo rosnou, o instinto protetor tomando conta dele. Ele fez menção de sair do carro, mas Léo o bloqueou, empurrando a porta contra ele.
"Calma aí, paisagista. Ninguém vai machucar sua irmãzinha. A gente só quer conversar", Léo disse, o tom de voz falsamente apaziguador escondendo a malícia.
O brutamontes segurava Sofia firmemente. Ela se debatia, mas ele era muito mais forte.
"Me solta, seu nojento! Ricardo!", ela chorou, o rosto pálido de medo.
A visão de sua irmã sendo maltratada foi a gota d'água. A raiva de Ricardo explodiu, uma fúria fria e calculista. Mas ele ainda estava em desvantagem. Eram muitos.
"Eu já mandei soltar a minha irmã", Ricardo disse, a voz tão gelada que até Léo pareceu hesitar por um segundo.
"Qual é o problema? A gente só está se divertindo um pouco", Léo retrucou, recuperando a arrogância. "E você ainda não entendeu. O carro é meu. A Paula me deu porque eu sou muito melhor para ela do que um maridinho banana como você. Ela está cansada de te sustentar."
Cada palavra era um golpe. Ricardo sabia que não era verdade, mas a audácia de Léo, a certeza de que ele tinha o apoio de Paula, era enlouquecedora.
"Você é um mentiroso", Ricardo cuspiu as palavras.
"Ah, é? Então por que ela me daria a chave reserva? Por que ela me diria exatamente onde você estaria hoje?", Léo mostrou um chaveiro idêntico ao de Ricardo.
A revelação caiu como uma pedra no estômago de Ricardo. Paula não apenas o traíra com Léo, ela havia orquestrado aquela humilhação. Ela havia colocado sua própria irmã em perigo.
"Soltem ela. Agora", Ricardo repetiu, tentando se levantar, mas outro membro da gangue se aproximou, segurando-o no assento.
"Fica quieto aí, seu bosta", disse o novo agressor.
Enquanto Ricardo era contido, um dos jovens pegou uma pedra do chão e, com um sorriso cruel, a arrastou pela lateral do carro de luxo, criando um risco profundo e feio na pintura preta brilhante. O som do metal sendo arranhado foi como uma faca em seus ouvidos.
Outro chutou o retrovisor, quebrando-o. Eles estavam vandalizando sua propriedade, agindo como se não houvesse consequências.
Ricardo observava tudo, impotente, a fúria crescendo a cada segundo. Ele gravava cada rosto, cada ação. A vingança seria implacável. Mas, por agora, a segurança de Sofia era a prioridade. Ele precisava manter a calma, precisava pensar.
Ele respirou fundo, forçando a raiva para o fundo de sua mente.
"Ok. Ok, você venceu", disse Ricardo, a voz tensa. "O carro é seu. Pode ficar. Apenas deixe minha irmã ir. Deixe a gente ir embora a pé."
Ele estava disposto a abrir mão do carro, de qualquer coisa, para tirar Sofia daquela situação.
Léo olhou para ele, saboreando a vitória. Ele adorava a sensação de poder sobre aquele homem que, no fundo, ele sabia que era o verdadeiro dono de tudo.
"Deixar vocês irem embora?", Léo riu. "Ainda não. Eu tenho uma proposta melhor."
Ele se aproximou de Sofia, que ainda estava sendo segurada, tremendo de medo e raiva. Ele passou os dedos pelo cabelo dela, um gesto que fez o estômago de Ricardo revirar.
"Você pode ir", disse Léo, olhando para Ricardo com um desprezo profundo. "Mas ela fica. Ela vai fazer companhia pra gente esta noite. Uma forma de pagamento pela humilhação que a sua esposa me fez passar quando me demitiu."
O ar pareceu ficar rarefeito. A proposta era tão vil, tão monstruosa, que por um instante Ricardo não conseguiu processar. O mundo parou. O som dos pássaros, o vento nas árvores, tudo desapareceu. Só restava o rosto sorridente e perverso de Léo e o terror absoluto nos olhos de Sofia.
Aquele era o limite. A linha que nunca poderia ser cruzada.