Os outros tentaram agarrá-lo, mas ele os ignorou, o corpo movido por puro instinto. Ele saltou na água fria e barrenta, o choque térmico o fazendo ofegar.
Léo e seus comparsas ficaram paralisados por um momento, surpresos com a ação desesperada de Ricardo.
Sofia já estava submergindo, os braços se agitando cada vez mais fracamente.
"Sofia! Aguenta!", Ricardo gritou, nadando com braçadas poderosas e desajeitadas.
Ele a alcançou quando ela estava prestes a afundar pela última vez. Agarrou-a por baixo dos braços, puxando sua cabeça para fora da água. Ela tossiu violentamente, cuspindo água e lama, o corpo tremendo incontrolavelmente.
"Eu te peguei. Calma, eu te peguei", Ricardo ofegava, segurando-a com força enquanto lutava para voltar para a margem.
Ele a arrastou para fora da água, deitando-a na grama. Ela estava encharcada, gelada e em choque, mas viva. Ele a abraçou, envolvendo-a com o próprio corpo para tentar aquecê-la.
"Vai ficar tudo bem, Sofi. Eu prometo. Vai ficar tudo bem", ele sussurrava em seu ouvido, a voz embargada pela emoção e pela raiva. "Eles vão pagar. Eu juro pela minha vida, eles vão pagar por cada segundo disso."
Na margem, Léo observava a cena com uma fúria crescente. Seu plano de humilhação tinha sido interrompido. A demonstração de poder de Ricardo, mesmo ferido e em desvantagem, o enfureceu.
"Seu filho da puta! Você acha que acabou?", Léo gritou, o rosto vermelho de raiva. "Peguem ele! Peguem os dois! Eu quero que ele veja a irmã dele implorando de joelhos!"
Os capangas começaram a avançar novamente.
Ricardo sabia que não conseguiria lutar contra todos eles de novo, não enquanto protegia Sofia. O tempo para a paciência havia acabado. O tempo para a fachada havia acabado. Era hora de acionar o seu verdadeiro poder.
Com uma mão, ele continuou abraçando a irmã trêmula. Com a outra, discretamente, ele alcançou o bolso de sua calça encharcada. Seu celular estava quebrado, inútil. Mas ele tinha outro dispositivo.
Um pequeno comunicador de emergência, disfarçado de chaveiro, preso ao cinto. Um dispositivo que ele nunca esperou ter que usar. Um link direto para a "Guarda Alfa", sua equipe de segurança pessoal, uma força de elite composta por ex-militares altamente treinados, leais apenas a ele.
Enquanto os homens de Léo se aproximavam, Ricardo apertou o botão de pânico três vezes. Era um sinal codificado. Nível máximo de ameaça. Resposta imediata, sem perguntas.
Nada aconteceu por alguns segundos. Léo e seus homens riram, achando que Ricardo estava apenas se agarrando a uma esperança inútil.
"Acabou o show, paisagista. Agora é a hora da verdade", Léo disse, se aproximando.
Foi então que um som baixo começou a ecoar à distância. Um zumbido que rapidamente se transformou em um rugido. O som de múltiplos motores potentes se aproximando em alta velocidade.
Todos pararam, olhando na direção da estrada.
O som ficou mais alto, ensurdecedor. De repente, surgindo na curva, apareceram cinco SUVs pretos, idênticos, sem placas, com vidros escuros. Eles frearam com um cantar de pneus, formando um semicírculo perfeito, bloqueando qualquer rota de fuga.
As portas se abriram simultaneamente. Doze homens desceram, todos vestindo uniformes táticos pretos, sem insígnias. Eles se moveram com uma eficiência aterrorizante, silenciosa e profissional. Cada um deles era alto, forte e exalava uma aura de perigo controlado. Em suas mãos, armas que Léo e seus comparsas só tinham visto em filmes.
A Guarda Alfa havia chegado. O mundo de Léo e seus amigos estava prestes a desmoronar. O ar ficou pesado, a atmosfera mudou de um confronto de rua para uma zona de guerra.