Construindo Meu Próprio Futuro
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Capítulo 2

Fechei a porta do meu quarto e me encostei nela, meu coração batendo descontroladamente.

Memórias da minha vida passada vieram como uma avalanche.

Lembrei-me de passar semanas tentando convencer Pedro.

"Pense no nosso futuro!" , eu dizia. "Nós planejamos isso desde os quinze anos!"

"Sofia precisa de mim agora" , ele respondia, com uma convicção cega. "A família dela me ofereceu um emprego na fábrica. É uma oportunidade real, Maria. Não um sonho distante como a faculdade."

Lembrei-me de vê-lo se afundar. O trabalho na fábrica não era o "cargo de gerência" que Sofia havia prometido. Ele era apenas mais um operário, fazendo o mesmo trabalho pesado e repetitivo todos os dias.

O dinheiro era curto. As discussões com Sofia eram constantes. Ela o culpava por não serem ricos, por não poderem viajar. Ele a culpava por tê-lo convencido a desistir de tudo.

Eles estavam presos um ao outro, em um ciclo de ressentimento e frustração.

E eu? Eu fui para a universidade sozinha. Foi difícil no começo. A solidão era esmagadora. Mas eu me concentrei. Estudei, consegui um estágio, me formei com honras.

Conheci um homem bom, um homem que me apoiava, que celebrava minhas conquistas. Nós nos casamos, construímos uma casa, tivemos uma filha.

Eu era feliz.

E isso os enfurecia.

Pedro me ligava bêbado no meio da noite, dizendo que eu o havia abandonado, que minha felicidade era uma traição. Sofia espalhava boatos maldosos sobre mim na nossa cidade natal. Eles não suportavam ver que a vida que eu construí sem ele era muito melhor do que a que ele escolheu com ela.

A inveja deles cresceu e se tornou uma obsessão doentia.

Até aquele último dia.

Ele apareceu no meu escritório. Parecia mais velho, acabado. Cheirava a álcool. Ele me pediu dinheiro. Quando eu recusei, ele explodiu.

Ele disse que tudo era minha culpa. Se eu o tivesse amado de verdade, teria desistido da faculdade com ele. Teríamos enfrentado as dificuldades juntos na fábrica.

Ele me agarrou, me arrastou para o chão.

A dor foi insuportável.

Ele não era o Pedro que eu amava. Ele era um estranho, um monstro consumido pelo fracasso e pela amargura.

Agora, de pé no meu quarto de adolescente, senti uma clareza assustadora.

Eu recebi uma segunda chance.

O universo, por algum motivo, me deu a oportunidade de fazer tudo de novo.

E eu não ia desperdiçá-la.

O amor que eu sentia por Pedro estava morto, enterrado junto com meu corpo na vida passada. A única coisa que restava era a lição.

Não se pode salvar alguém que não quer ser salvo.

Não se pode construir um futuro com alguém que está determinado a se destruir.

Desta vez, eu não vou lutar por ele. Eu não vou chorar por ele.

Eu vou sorrir, acenar e seguir em frente.

Vou para a universidade. Vou construir minha carreira. Vou encontrar o homem que me amará de verdade.

E Pedro?

Pedro pode ter a vida que ele escolheu. Ele e Sofia podem se afogar em sua própria mediocridade.

Eu não vou interferir.

Vou apenas observar. E desta vez, será de uma distância segura.

Abri a gaveta da minha escrivaninha. Lá estava, o envelope com o símbolo da universidade. Minha carta de aceitação.

Na vida passada, eu a mostrei a Pedro com tanto orgulho, esperando que isso o convencesse.

Desta vez, eu a guardei em segurança.

Este era o meu bilhete para a liberdade. E eu não ia deixar ninguém tirá-lo de mim.

            
            

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